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Bolsonaro renova polêmicas com obscenidade, democracia e mais no Carnaval

Reuters
Imagem: Reuters

Pedro Graminha

DO UOL, em São Paulo

09/03/2019 04h01

Na última semana, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) aumentou o repertório de polêmicas que cercam o seu mandato.

Nos últimos minutos do Carnaval, marcado por manifestações críticas ao governo, o capitão publicou um vídeo com conteúdo considerado sensível pelo Twitter: em um bloco de rua, um homem colocava o dedo no ânus e, na sequência, se ajoelhava para que outro urinasse sobre ele.

Mas as polêmicas não ficaram por aí. Relembre-as, em ordem cronológica:

Elogio ao filho, após dizer que filtraria suas ações

Três dias após declarar que controlaria as ações de seu filho Carlos, Bolsonaro usou as redes sociais para publicar uma mensagem de agradecimento ao vereador.

Na mensagem, Bolsonaro diz que querem "afastá-lo" do filho.

"Não conseguirão: estando ou não em Brasília continuarei ouvindo sugestões, não por ser um filho que criei, mas por ser também alguém que aprendi a admirar e respeitar pelo seu trabalho e dedicação."

Carlos é um dos principais estrategistas das redes sociais de Bolsonaro -- uma das bases de sua campanha eleitoral.

No entanto, para aliados, a influência de Carlos e dos demais filhos do presidente em assuntos do governo se tornara excessiva. O ápice foi a crise Bebianno, quando Carlos chamou o ex-ministro de mentiroso publicamente.

A Lava Jato da educação

Bolsonaro defendeu a "Lava Jato da Educação" na manhã de segunda-feira (4). Segundo ele, o Brasil gasta mais com a educação em relação ao PIB do que a médias dos países desenvolvidos.

Para o presidente, os dados mostram que há "indícios muito fortes" de que a máquina estatal estaria sendo usada para a manutenção de "algo que não interessa o Brasil".

Na sequência das mensagens, Bolsonaro criticou a suposta "agenda globalista" que visaria transformar alunos em "militantes políticos".

Educadores temem que as medidas deem espaço para uma "caça às bruxas" nas escolas.

Bate-boca com artistas

Bolsonaro mandou uma "indireta" em seu Twitter por meio de uma música.  "Essa marchinha vai para o nosso querido Caetano Veloso e nossa querida Daniela Mercury. Chupa", diz o vídeo compartilhado pelo presidente.

A crítica era uma resposta à canção "Proibido o Carnaval", gravada pela dupla.  

Daniela rebateu Bolsonaro exigindo respeito e se colocou "à disposição" para explicar a lei ao presidente.

Outro artista que despertou a ira de Bolsonaro foi José de Abreu, que se autoproclamou presidente em uma sátira à situação política da Venezuela.

O presidente declarou que vai processar José de Abreu, após o ator chamá-lo de fascista.

"Bonecões de Olinda"

Bonecão de Olinda - Marlon Costa/Futura Press/Estadão Conteúdo - Marlon Costa/Futura Press/Estadão Conteúdo
Foliões vaiam bonecão de Olinda com referência ao presidente
Imagem: Marlon Costa/Futura Press/Estadão Conteúdo
Bolsonaro compartilhou reportagem TV Record sobre o "Bonecão de Olinda" feito em homenagem a ele e à primeira-dama, Michelle. Junto a eles, estavam bonecos de outros chefes de Estado, como magnata norte-americano Donald Trump e o ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un.

"Obrigado pela homenagem, Pernambuco", escreveu, sem comentar os ataques que seu boneco sofreu durante o desfile.

Chuva dourada

O episódio mais polêmico da semana ficou reservado para a noite da terça-feira de Carnaval.

Bolsonaro compartilhou um vídeo em que um homem dança sobre um ponto de táxi com as nádegas de fora. Outro, então, saca o pênis de dentro das calças e urina sobre sua cabeça.

Para membros da oposição, Bolsonaro teria violado a lei 1.079, de 1950, que classifica como "crime de responsabilidade" posturas incompatíveis com "a dignidade, a honra e o decoro do cargo".

Na manhã seguinte, Bolsonaro perguntou aos seus seguidores o que era o "Golden shower", que alcançara as principais trends do twitter com a hashtag #goldenshowerpresident após a publicação do vídeo.

A prática estava descrita no vídeo que o presidente compartilhou: pessoas urinando sobre as outras em contexto sexual.

Democracia e vontade dos militares

'Democracia só existe se as Forças Armadas quiserem', diz Bolsonaro

UOL Notícias

Diante de militares, Bolsonaro declarou que "a Democracia só existe se as forças armadas quiserem" na última quinta-feira (7).

A fala do presidente enfureceu a oposição; a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, escreveu em seu twitter que "a democracia foi conquistada pela sociedade brasileira, não é objeto de tutela ou permissão".

Militares também se sentiram incomodados com declarações de Bolsonaro, e o vice-presidente, Hamilton Mourão (PRTB), disse que Bolsonaro foi mal-interpetado:

"O que que o presidente quis dizer? Tá sendo mal interpretado. O presidente falou que onde as Forças Armadas não estão comprometidas com democracia e liberdade, esses valores morrem"

Hamilton Mourão, Vice-presidente da República

Ao vivo no Facebook

"Pra variar, gerou polêmica", diz Bolsonaro; Heleno defende fala

UOL Notícias

Diante de tanta polêmica, Bolsonaro anunciou que retomaria transmissões ao vivo (as chamadas "lives") no Facebook -- estratégia que funcionou bem durante a campanha.

As sessões aconteceram todas as quinta-feiras, disse o presidente, às 18h30.

Nesta semana, a transmissão foi feita com o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, General Augusto Heleno e o porta-voz da Presidência, Rêgo Barros.

Bolsonaro falou de temas foram diversos: Reforma da Previdência, gastos com o cartão corporativo, bananas, lombadas eletrônicas, caderneta de vacinação infantil; além disso, o trio aproveitou para discutir a declaração polêmica de Bolsonaro sobre militares e democracia.

Temas mais controversos como as candidaturas-laranjas do PSL e o vídeo com imagens obscenas publicado na terça (5) ficaram de fora

1 ministra vale por 10 homens

Ministério - Reprodução - Reprodução
Ministério de Bolsonaro: 2 mulheres e 20 homens -- Bebianno, na foto de janeiro, não faz mais parte do quadro
Imagem: Reprodução

No Dia Internacional da Mulher, Bolsonaro afirmou hoje que, pela primeira vez, o governo federal tem equilíbrio de gênero em seu ministério.

Temos 22 ministérios: 20 homens e duas mulheres. Somente um pequeno detalhe: cada uma dessas mulheres que estão aqui equivalem por 10 homens. A garra dessas duas transmite energia para os demais.

As mulheres que chefiam atualmente a Esplanada são Damares Alves (Direitos Humanos) e Tereza Cristina (Agricultura). 

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.