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Ex-ministro petista que deu asilo a Battisti diz que dúvida sempre existiu

Mauro Pimentel - 4.mar.2016 /Folhapress
Imagem: Mauro Pimentel - 4.mar.2016 /Folhapress

Nathan Lopes

Do UOL, em São Paulo

25/03/2019 13h02Atualizada em 25/03/2019 13h42

Ministro da Justiça que concedeu asilo político ao terrorista italiano Cesare Battisti em 2009, o ex-governador gaúcho Tarso Genro (PT) disse que a posição do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não foi "baseada nas declarações dele [Battisti]". "A dúvida sempre existiu em função da precariedade das provas de autoria dos crimes", disse o ex-ministro em nota ao UOL.

Battisti assumiu hoje a participação em quatro homicídios, que lhe renderam a pena de prisão perpétua na Itália. Ele, porém, sempre negava participação nos crimes, o que suscitou a dúvida para que conseguisse o asilo no Brasil.

O terrorista confessou os crimes pela primeira vez à Promotoria italiana. "Eu falo apenas de minhas responsabilidades, não delatarei ninguém. Estou ciente do mal que fiz e peço desculpas aos familiares [das vítimas]", disse Battisti, segundo a Promotoria.

O terrorista ainda disse que declarações de inocência foram para conseguir "apoios da extrema-esquerda na França, no México, no Brasil e do próprio Lula".

Procurada, a assessoria do Instituto Lula disse que não irá se manifestar sobre Battisti. O PT ainda avalia se irá comentar.

O advogado de defesa de Battisti na Itália, Davide Steccanella, afirmou que a admissão do seu cliente não visa "possíveis benefícios", mas, sim, retomar uma "imagem justa".

"A esperança é retomar uma imagem justa do meu cliente, que não é aquele monstro que pode atacar novamente como tem sido descrito. Mas uma pessoa que há 40 anos não comete nenhum delito e quis revisitar sua vida e reconstruir um período", afirmou Steccanella, de acordo com o jornal italiano "Il Messaggero".

Temer autorizou a extradição

O terrorista ganhou refúgio no Brasil há dez anos. Genro dizia que seu despacho pelo refúgio de Battisti na época havia sido jurídico, não político.

Em dezembro do ano passado, o então presidente Michel Temer (MDB) autorizou a extradição de Battisti, que fugiu do país. Ele foi encontrado em janeiro na Bolívia e levado para a Itália para cumprir sua pena.

Sobre a extradição, Genro agora que ela fez Justiça no caso de Battisti ter falado a verdade à Promotoria da Itália. "Se Battisti está falando a verdade e não apenas dizendo o que a Promotoria quer --para fazer algum tipo de transação para obter alguma vantagem na execução da pena--, a extradição fez Justiça".

Leia na íntegra a nota do ex-ministro Tarso Genro:

"Se Battisti está falando a verdade e não apenas dizendo o que a Promotoria quer --para fazer algum tipo de transação para obter alguma vantagem na execução da pena-- a extradição fez Justiça.

Nosso posicionamento não foi baseado nas declarações dele. A dúvida sempre existiu em função da precariedade das provas de autoria dos crimes".