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Em ato pró-Lula, Haddad diz que "elite colocou o pior na Presidência"

Vinicius Konchinski

Colaboração para o UOL, em Curitiba

07/04/2019 13h07

O ex-prefeito de São Paulo e ex-candidato a presidente Fernando Haddad (PT) afirmou hoje que a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez parte de uma série de fatos articulados pela "elite" contra o interesse nacional. Haddad discursou no ato que lembrou um ano da prisão de Lula e afirmou que os protestos de 2013, a contestação à vitória de Dilma Rousseff na eleição de 2014, o processo de impeachment da petista em 2016 e a prisão de Lula culminaram na eleição do atual presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL).

"Essa elite conseguiu com tudo que fez, desde 2013, colocar um dos piores brasileiros na Presidência da República e o melhor aqui na Polícia Federal", disse Haddad, em frente à sede da superintendência da Polícia Federal (PF) em Curitiba, local onde Lula está preso desde 7 de abril do ano passado.

Haddad citou em seu discurso a declaração em que Bolsonaro afirma não ter nascido para ser presidente. Segundo o petista, o adversário que o derrotou na eleição de 2018 não serve nem para ser deputado federal, em alusão ao fato de o presidente ter cumprido sete mandatos na Câmara.

O ex-prefeito de São Paulo disse que Lula, sim, tem propostas para o Brasil e que só não foi eleito novamente por conta de sua prisão. "Seria eleito no 0800 [por telefone]. Não precisaria nem da urna", ironizou, lembrando as pesquisas que indicavam Lula à frente dos demais candidatos, antes de sua candidatura ser barrada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 1º de setembro de 2018.

Haddad ainda criticou o que Bolsonaro trata como patriotismo. "Patriotismo não é fazer festa para o golpe de 1964. É lutar para criança ter educação. Patriotismo não é babar o ovo do Trump [presidente dos EUA], que está de olho no nosso petróleo", disse ele. "Lula, sim, nunca tomou uma decisão que contrariasse o interesse nacional".

Com pneumonia, Dilma é ausência

Além de Haddad, o evento em Curitiba contou com a participação de Gleisi Hoffmann, presidente do PT, e de outras lideranças do partido. Integrantes do PCdoB, do PSOL e do PCO, e de centrais sindicais também participaram do ato.

A ex-presidente Dilma Rousseff não foi a Curitiba pois está com pneumonia, mas enviou uma mensagem lida por Benedita da Silva, deputada federal e ex-governadora do Rio de Janeiro. A deputada informou que Dilma está em casa e que "está bem".

Os militantes presentes provocaram e protestaram contra o presidente Jair Bolsonaro. "Doutor eu não me engano, o Bolsonaro é miliciano", gritaram, em coro. Também sobraram críticas ao ministro da Justiça, Sergio Moro, que era juiz e foi o primeiro a condenar Lula por corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo o tríplex em Guarujá (SP). Posteriormente, o TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) também condenou o ex-presidente, o que levou Lula à cadeia em 7 de abril de 2018.

Em fevereiro de 2019, Lula foi condenado pela segunda vez. Desta vez, a Justiça Federal entendeu que é culpado por crimes de corrupção ligados ao sítio de Atibaia. O ex-presidente ainda recorre da sentença, pois diz não ter cometido crimes.