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PR e Solidariedade pregam mudanças na Previdência e descartam integrar base

Senador Jorginho Mello, líder do PR no Senado, e deputado Wellington Roberto, líder na Câmara, encontram-se com Bolsonaro - Carolina Antunes/PR
Senador Jorginho Mello, líder do PR no Senado, e deputado Wellington Roberto, líder na Câmara, encontram-se com Bolsonaro Imagem: Carolina Antunes/PR

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

09/04/2019 13h06Atualizada em 09/04/2019 14h56

Após reunião com o presidente Jair Bolsonaro (PSL) no Palácio do Planalto hoje, o PR e o Solidariedade pregaram mudanças na reforma da Previdência e continuaram a se declarar "independentes" -- ou seja, não têm intenção de fazer parte da base aliada do governo.

O presidente nacional do Solidariedade, deputado federal Paulinho da Força (SP), afirmou que entre os pontos que defendem a serem modificados na proposta da reforma previdenciária enviada pelo governo federal ao Congresso estão a manutenção do BPC (Benefício de Prestação Continuada) e da aposentadoria rural como são hoje, além da retirada de mudanças nos sistemas previdenciários estaduais e municipais.

"Achamos que tem de ser tratado em cada estado. Não dá para o governador ficar falando mal da reforma e os deputados assumindo o ônus da reforma", disse.

Segundo o presidente do Solidariedade, Bolsonaro aceitou analisar a sugestão, mas o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM), ficou mais incomodado. O partido ainda propôs idade mínima de 62 anos para homens, 59 para mulheres, e transição igual a todos com pedágio de 30% do período que faltar para a aposentadoria.

Pedidos para que itens específicos não sejam retirados da Constituição também deverão ser apresentados na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara.

Paulinho da Força ainda criticou o sistema de capitalização proposto pela equipe econômica liderada pelo ministro Paulo Guedes, entre outras questões.

As mudanças no BPC, na aposentadoria rural e de professores também foram defendidas pelo presidente de honra do PR, Alfredo Nascimento (AM), após encontro com Bolsonaro. Questionados se fizeram pedidos em troca do apoio da reforma, como cargos ou liberação de emendas, ambos os parlamentares negaram.

Embora defendam uma reforma da Previdência com os ajustes, os partidos foram enfáticos em dizer que não farão parte da base aliada. Portanto, fechar questão -- como obrigar os deputados a votar favoravelmente à proposta -- está fora de cogitação no momento.

"Vamos continuar independentes. O Solidariedade não é da base do governo. Também não [vamos fechar questão]", afirmou Paulinho da Força.

"Não somos da base do governo. Nem o partido vai fechar questão em relação à reforma da Previdência e nenhuma outra reforma", declarou Nascimento.

O líder do Solidariedade na Câmara, deputado Augusto Coutinho (PE), disse ter a impressão de que o Planalto está perdendo a "batalha da comunicação" quanto ao tema. "O que a gente sente hoje é que se muda aquele clima, perante a opinião pública, inicial que se tinha da importância que é a reforma. Hoje já amenizou bastante. Acho que o governo está perdendo essa comunicação", falou.

Atualmente, o Solidariedade conta com uma bancada de 14 deputados na Câmara, enquanto o PR tem 38. Como é uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição), a reforma da Previdência precisa ter pelo menos 308 votos favoráveis para que seja aprovada. O relator da medida na CCJ, deputado Marcelo Freitas (PSL-MG), deve apresentar hoje à tarde seu parecer ao colegiado, que analisa a constitucionalidade do texto enviado pelo governo.