Após ser denunciado à ONU, Witzel defende "contundência" contra o crime
Um dia depois de ter sido denunciado à ONU (Organização das Nações Unidas) e à OEA (Organização dos Estados Americanos) em razão do aumento de mortes em confrontos policiais no Rio de Janeiro --que bateram recorde no primeiro trimestre-- o governador Wilson Witzel (PSC) defendeu o que chamou de "contundência necessária" no enfrentamento a traficantes de drogas e milícias.
"Muitos, infelizmente, confundem a contundência necessária com o enfrentamento de narcoterroristas, traficantes que tomaram de assalto comunidades do Rio, e também o enfrentamento à máfia das milícias. São criminosos, sim. Não há como enfrentar sem a máxima dureza o crime organizado", disse Witzel.
Em discurso ao lado do presidente Jair Bolsonaro (PSL) durante cerimônia que comemorou os 74 anos da vitória dos aliados sobre as tropas nazifascistas na Segunda Guerra Mundial, em 1945, Witzel agradeceu ao governo federal pelo apoio à sua política de enfrentamento.
"Senhor presidente, estes terroristas matam crianças, velhos e policiais que entregam as suas vidas à população. Para combater esses terroristas, tenho contado com o apoio do senhor e do (ministro da Justiça e Segurança Pública) Sergio Moro. O apoio de vocês é fundamental", completou.
Sem citar o recorde da letalidade policial sob sua gestão, Witzel destacou a queda do homicídio doloso (com intenção) no estado.
O governador foi criticado pela participação no fim de semana em uma ação policial em Angra dos Reis, na Costa Verde do estado. A bordo de um helicóptero, em vídeo compartilhado em suas redes sociais, ele diz que a polícia vai "enfrentar a bandidagem". Vídeo gravado na mesma ocasião e exibido pelo telejornal "RJTV" mostra o momento em que um fuzil faz uma rajada disparos sobre uma área habitada do município.
Na última segunda-feira (6), em outra operação policial, oito pessoas morreram no complexo de favelas da Maré, na zona norte da capital fluminense.
Desde a campanha eleitoral, Witzel vem defendendo o "abate" de criminosos que estejam portando fuzis. Diante a alta cúpula do Exército, o governador fez hoje um "afago" às forças militares que, no ano passado, comandaram a segurança pública no estado.
"O estado tem muito a agradecer às Forças Armadas e à intervenção federal que deixaram um legado de investimentos para o nosso governo. Quero salientar o agradecimento", concluiu.
Ao lado de Bolsonaro na entrevista à imprensa realizada depois do evento, Witzel viu o presidente ser questionado quanto à denúncia contra ele feita às organizações internacionais. Bolsonaro definiu a pergunta feita pela reportagem como "pouco inteligente" e ameaçou encerrar a entrevista. Witzel riu durante a reação do presidente e não se pronunciou à imprensa. Momentos antes, o presidente já havia se recusado a responder a pergunta sobre a crise em seu governo entre a ala militar e o grupo ligado ao ideólogo Olavo de Carvalho.
Governador endossa ação na Maré
A Polícia Civil afirma que todos os mortos na ação de segunda-feira eram suspeitos de envolvimento com tráfico de drogas e que o objetivo da operação era capturar Thomas Jayson Gomes Vieira, conhecido como "3N", suspeito de ser o responsável pela guerra entre facções criminosas na comunidade do Salgueiro, em São Gonçalo, região metropolitana do Rio. O criminoso, porém, conseguiu fugir.
"Houve resistência dos criminosos e oito suspeitos de fazerem parte do tráfico foram baleados e morreram no confronto. Outros três foram conduzidos à delegacia, entre eles um segurança pessoal do 3N e a mulher dele", disse a polícia por meio de nota.
Os nomes dos baleados não foram divulgados. A ação ainda teve a apreensão de sete fuzis, três pistolas, carregadores com munição, 14 granadas, cerca de R$ 35 mil e drogas.
Ao jornal "O Globo", Witzel endossou a ação policial na Maré.
Se você reclamar da atuação da polícia, é melhor não ter polícia. Se formos reclamar que tem polícia na rua e trabalhando, então é melhor fechar isso aqui e entregar a chave para o tráfico de drogas. A princípio, quem foi morto é porque estava de fuzil e atirou contra a polícia.
Wilson Witzel, governador do Rio
Em fevereiro, Witzel disse, mesmo diante das denúncias de abusos, que "o que aconteceu no morro Fallet-Fogueteiro foi uma ação legítima da PM". Na ocasião, 15 pessoas foram mortas durante ação policial.
Witzel foi procurado ontem, através de sua assessoria de imprensa, para comentar as denúncias à ONU e à OEA assim como os recordes de letalidade em seu governo, mas não se manifestou até a publicação desta reportagem.
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