Senador admite derrota do governo com Coaf; líder no Congresso vê "traição"
O líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), admitiu que a transferência do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) do Ministério da Justiça para a Economia representa uma derrota. Ele foi o relator da Medida Provisória que alterou a configuração ministerial sob o governo de Jair Bolsonaro (PSL).
"Claro que [o governo] foi derrotado, porque nós queríamos que o Coaf ficasse com o ministro Sergio Moro. Era uma matéria muito polêmica. Mas isso é próprio do processo político e do debate político."
A derrota foi articulada por nomes dos partidos de centro e da oposição. O senador disse que o governo não é refém do "centrão" -- grupo formado pelas siglas mais influentes no Congresso, como DEM, PP, PR, PSD.
"Não vejo assim, não [o governo refém dos partidos de centro]. Em matérias que foram a voto, o relatório foi mantido. O que o governo precisa construir no Congresso é apoio parlamentar para aprovar as agendas que importam para o país voltar a crescer", declarou.
O texto aprovado hoje na comissão precisa ir a votação no plenário da Câmara e do Senado para passar a valer.
Entre as propostas aprovadas, foi estabelecida a recriação dos ministérios das Cidades e da Integração Nacional. Articuladores do governo disseram que as novas pastas foram reivindicações dos partidos que tentam mais espaço no Planalto em troca de votos para garantir a governabilidade. Uma das pautas em vista pelo governo é a votação da reforma da Previdência, que precisa de dois terços de aprovação de ambas as casas.
A líder do governo no Congresso, Joice Hasselman (PSL-SP), disse que o governo foi "traído" por três votos. A deputada criticou a alteração de alguns membros da comissão por suplentes e atribuiu a isto a derrota do governo.
"Vamos ver se vai ter um acordo ou vamos tentar reverter todos os pontos [alterados na comissão] no plenário. Parlamentares que deram a palavra que votariam a favor do Coaf no Ministério da Justiça não apareceram e apareceram os suplentes [para votar]. E isso aconteceu", disse ela.
O governo foi derrotado por 14 votos a 11.
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