Oposição quer usar sessão sobre Correios para expor Pontes e crise no Inpe
A sessão programada para a manhã de hoje na Câmara para debater as intenções do governo de privatizar os Correios deverá ser usada pela oposição para desgastar o ministro Marcos Pontes (Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações) por outro assunto: a crise no Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
O instituto enfrenta há mais de 15 dias críticas por parte do presidente Jair Bolsonaro (PSL), que contesta o aumento de 88% no desmatamento da Amazônia em junho, na comparação com maio, divulgado pelo órgão.
Além dos ataques do presidente, deputados de partidos críticos ao governo pretendem explorar a mudança na chefia do órgão - último capítulo da crise.
Físico com doutorado pelo MIT, dos Estados Unidos, Ricardo Galvão foi exonerado após rebater pela imprensa as críticas feitas por Bolsonaro - ele chegou a dizer que as declarações do presidente pareciam "conversa de botequim". Para o lugar, foi nomeado interinamente o militar Darcton Policarpo Damião.
"Vamos abordar a privatização dos Correios, motivo que justifica a convocação do ministro. Mas é muito difícil ninguém tratar do absurdo que vimos e do desrespeito com os trabalhos sobre o desmatamento", disse a responsável pelo convite a Pontes, deputada federal Erika Kokay (PT-DF).
PDT e PCdoB também trabalham para abordar o tema e provocar o ministro.
"Não é desgastar, mas pedir explicações sobre as mudanças que aconteceram. Acredito que o ministro não vai ter problema em se explicar sobre as questões que ocorreram no Inpe", afirmou o deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA).
Pontes não é obrigado a ir - nem responder
Segundo integrantes da comissão e a assessoria de imprensa do ministro, Marcos Pontes irá à audiência.
Como convidado, Pontes pode se ater ao regimento e só responder questões referentes ao tema do seu convite - a privatização dos Correios.
Apesar de a maioria dos 20 deputados da comissão serem de oposição, a sessão é aberta, e parlamentares governistas poderão se manifestar em defesa do governo.
O impasse na pasta de Marcos Pontes foi criticado por ambientalistas e teve repercussão internacional.
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