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'Vou dar aumento para funcionário', diz E. Bolsonaro sobre página de ódio

O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP - Lucio Bernardo Junior/Câmara dos Deputados
O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP Imagem: Lucio Bernardo Junior/Câmara dos Deputados

Do UOL, em São Paulo

04/03/2020 20h46

Resumo da notícia

  • Deputado negou conteúdo de ódio e afirmou que posts eram relacionados à sua família
  • Imagens salvas pelo UOL antes de perfil ser excluído desmentem versão de Eduardo Bolsonaro
  • Reportagem do UOL mostrou que página foi registrada em telefone de secretário parlamentar

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) reagiu com deboche ao falar sobre a denúncia de que uma das páginas (@bolso_feios) utilizadas para ataques virtuais e para estimular o ódio contra figuras políticas foi criada em um computador localizado na Câmara dos Deputados.

"O meu assessor segue comigo, vai continuar trabalhando comigo. Eu não dou ordens a ele com relação a esse perfil que ele tem. Mas a gente não pode dizer que isso aí é um crime, porque isso não é", afirmou em vídeo publicado em suas redes sociais.

Reportagem publicada hoje pela colunista do UOL Constança Rezende mostra que a página Bolsofeios foi registrada a partir de um telefone utilizado pelo secretário parlamentar do deputado, Eduardo Guimarães, e que o e-mail de registro da conta é o mesmo utilizado em prestações de contas do filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

As informações se baseiam em documento enviado à CPMI das Fake News depois de um requerimento feito pelo deputado Túlio Gadelha (PDT-PE) com base em denúncias da deputada Joice Hasselmann (PSL-SP).

"Estou pensando o que vou fazer... Olha, qual foi a infração cometida [pelo assessor]? Manda esse pessoal catar coquinho. Vou dar um aumento para o funcionário, se isso for verdade", debochou Eduardo Bolsonaro em entrevista reproduzida pela TV Globo.

No Twitter, Eduardo Bolsonaro também rechaçou a ideia de ser penalizado no Conselho de Ética. "Eu não posso, segundo a Constituição, ser responsabilizado por condutas de terceiros", justificou.

Imagens desmentem versão de Eduardo

Eduardo Bolsonaro respondeu à reportagem afirmando que a página era uma espécie de humor com figuras de sua família, com fotos antigas relacionadas a sua infância e adolescência.

Contudo, imagens salvas pelo UOL na terça-feira (3), antes do desligamento do perfil, mostram que o conteúdo trazia imagens que zombavam de figuras como o general Augusto Heleno, chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), a jornalista da Folha Patrícia Campos Mello e as deputadas Maria do Rosário (PT-RS) e Benedita da Silva (PT-RJ).

Também há imagens que zombam do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), do deputado Alexandre Frota (PSDB) e do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), entre outros.

"Gabinete do ódio"

Hasselmann já havia dito, em depoimento à CPMI, no dia 4 de dezembro, que a página Bolsofeios pertencia ao assessor de Eduardo, Eduardo Guimarães. Ela também apresentou um grupo secreto que reunia páginas ligadas ao "gabinete do ódio", com a presença de Guimarães e o perfil Bolsofeios. O grupo organizava um cronograma de ataques a pessoas consideradas inimigas da família.

Túlio Gadelha pediu à empresa mantenedora do Instagram o acesso ao conteúdo de todas as mensagens trocadas no grupo intitulado "Gabinete do Ódio", desde o período da campanha eleitoral de 2018, com base no depoimento de Joice. A página bolsofeios fazia parte do grupo.

O bolsofeios contém ataques contra jornalistas, Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e adversários políticos da família. Também há publicações convocando para as manifestações de março a favor do presidente e contra o Congresso e o STF.

A página bolsofeios saiu do ar logo após a publicação da reportagem do UOL.