Líder do governo no Congresso tenta barrar prorrogação da CPMI de Fake News
Resumo da notícia
- Parlamentares têm até meia-noite para definir se CPI continua
- Requerimento para continuar investigação tem mais de 200 assinaturas
- Líder do governo diz que coronavírus impede decisão
O líder do governo no Congresso Nacional, senador Eduardo Gomes (MDB-TO), tenta barrar a continuidade da CPI mista das Fakenews.
Gomes disse ao UOL que é "absurdo" prorrogar a CPI em meio à pandemia de coronavírus. "Já pensou uma CPI das Fakenews remota?", afirmou na noite de hoje, poucas horas antes de terminar o prazo para a coleta de assinaturas sobre a continuidade da investigação. No entanto, o próprio Congresso distribuiu aos parlamentares um guia para ensinar como eles deveriam fazer, remotamente, a assinatura ou a retirada de apoio ao requerimento.
Reservadamente, o governo considera a CPI uma fonte de constrangimento político. Já a oposição vê na comissão um meio de comprovar eventuais crimes praticados pelos governistas durante e depois das eleições de 2018. O colegiado apura a montagem e a distribuição de publicações falsas, além de robôs, para ganhos políticos nas últimas eleições.
Pela contagem atual de assinaturas a favor, a prorrogação será aprovada. Mas os parlamentares têm menos de três horas para fazer isso. Eles podem retirar ou incluir assinaturas até meia-noite de sexta-feira (3), prazo para definir se a CPI será estendida. Essa seria a segunda prorrogação da comissão.
A atuação de Eduardo Gomes começou há cerca de duas semanas, segundo apurou o UOL. Ele tenta convencer os parlamentares a retirar assinaturas de requerimento apresentado.
Um requerimento para estender o funcionamento da comissão por 180 dias foi apresentado e lido hoje em sessão conjunta do Congresso Nacional. Além da prorrogação, os parlamentares que assinaram o pedido querem mais R$ 250 mil para ajudar nos trabalhos.
Eles justificam que estender a CPMI, prevista até 13 de abril, é necessário para concluir o relatório com novos depoimentos e informações adicionais.
De acordo com o documento disponível no portal do Congresso, pelo menos 40 senadores e 160 deputados federais assinaram o requerimento. Para impedir a CPMI, o governo teria que convencer dezenas de parlamentares a retirar apoio, até haver menos de 171 assinaturas.
A corrida contra o tempo acontece ainda um dia após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) compartilhar vídeo nas redes sociais um vídeo falso que mostrava um suposto desabastecimento de alimentos em Belo Horizonte e, então, apagar a publicação e pedir desculpas.
Eduardo Gomes afirmou que a comissão não pode ser realizada em meio à pandemia enquanto o Congresso conta apenas com sessões remotas, sem data de retorno para as demais comissões. Ele apresentou questão de ordem por acreditar que o pedido não atende ao atual funcionamento do Congresso em meio à pandemia do coronavírus.
"Talvez seja com boa intenção", diz governista
"A gente vai prorrogar prazo de CPI quando a gente não sabe quando vamos ter condições de voltar à vida normal? Talvez seja com boa intenção, mas é uma das coisas mais absurdas que a gente pode imaginar. Já pensou numa CPI das fake news remota? Uma novela mexicana. Qual o objetivo disso agora que não seja político?", disse ao UOL.
Segundo o líder, muitos parlamentares se mostraram surpresos por terem assinado o requerimento antes do contexto da pandemia mundial, e não estão inclinados a discutir o assunto agora.
Ele nega que o governo esteja preocupado com possíveis desdobramentos negativos das investigações. "Quem é que está preocupado com medo? O governo foi eleito democraticamente."
O presidente [Jair Bolsonaro] tem uma série de defeitos, mas o medo não é um deles."
Eduardo Gomes, líder do governo no Congresso
"Todo mundo sabe disso. Se alguém quer ajudar o Bolsonaro, coloca ele nesse terreno aí. Não faz sentido", afirmou.
Presidente da CPI quer votar quebras de sigilo remotamente
O presidente da comissão, Angelo Coronel (PSD-BA), disse que, com a prorrogação, a CPI funcionaria também depois do provável fim da pandemia com reuniões presenciais com votação de requerimentos de quebras de sigilo de 52 pessoas e realização de oitivas, entre outros pontos.
O UOL apurou que os seguintes senadores retiraram as assinaturas hoje: Eduardo Girão (Podemos-CE), Elmano Férrer (Podemos-PI), Luiz do Carmo (MDB-GO) e Zé Maranhão (MDB-PB).
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