Schelp: "Lula frita Moro porque o PT prefere enfrentar Bolsonaro em 2022"

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) concedeu uma entrevista para o jornalista Leonardo Sakamoto, no UOL, na última quinta-feira e alvejou mais Sergio Moro, ex-ministro da Justiça, que o próprio presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em suas críticas, apontando uma mudança de postura de seu partido, que havia chegado a acenar para o impeachment mas recuou.

No podcast Baixo Clero #35, o jornalista Diogo Schelp analisa que mudança de postura de Lula tem como objetivo o desgaste da imagem de Moro para reforçar o discurso em defesa do ex-presidente e também por preferir Bolsonaro como adversário do PT em 2022.

"Na semana anterior, o PT parecia estar disposto a aderir à ideia de impeachment, que é algo que não vou fazer um julgamento pessoal se é uma decisão correta ou não, mas é algo que claramente a oposição e as pessoas que se identificam com a oposição gostariam de ver acontecer. A base política do Lula certamente adoraria ver o Bolsonaro fora do governo. E a orientação do Lula para não seguir com o impeachment, mesmo depois das acusações que o Moro fez, é a desculpa de não partidarizar o impeachment, ainda que outros partidos, o PSB, o PDT e Rede terem adotado postura diferente", afirma Schelp (disponível no arquivo acima a partir de 28:39).

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"A verdade que não é dita pelo ex-presidente Lula é que a prioridade é fritar Moro e por dois motivos, primeiro porque desmoralizar Moro reforça a retórica de inocência de Lula e, segundo, porque o PT prefere enfrentar o Bolsonaro em 2022 do que o ex-ministro Sergio Moro", completa o jornalista.

Schelp cita ainda um discurso que acaba aproximando Lula e Bolsonaro na retórica contrária a Moro, ao usar a TV Globo como elemento por trás do ex-ministro da Justiça.

"Lula só faltou defender Bolsonaro na briga com o Moro. Ele diz que o Moro tentava aparecer mais forte que o Bolsonaro e que isso era errado, o ministro não podia fazer isso e tal. E aí ele partiu para um argumento dizendo que o Moro é uma cria da Rede Globo, que é o mesmo argumento que os bolsonaristas estão usando para atacar Moro", diz o jornalista.

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