Lula critica postura de Bolsonaro: 'Inventa briga até com a sombra dele'
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou na manhã de hoje em entrevista à Rádio Tiradentes, do Amazonas, a postura que Jair Bolsonaro (sem partido) e seu governo vêm tendo em meio à pandemia do novo coronavírus.
"Todo santo dia ele tem uma briga com alguém. Quando ele não tem alguém para brigar, ele briga com a sombra dele, com a imprensa, a ofende, manda calar a boca...", disse o ex-presidente, que vem sistematicamente criticando Bolsonaro e, nas últimas semanas, passou a defender o impeachment.
Lula também criticou a relação que Bolsonaro mantém com os Estados Unidos, governado pelo republicano Donald Trump, considerado um aliado internacional pelo presidente.
"A gente vê o governo brigando com a China, com a Argentina, com a América do Sul. Só não briga com os Estados Unidos, que é o único país que não oferece nada para o Brasil e ainda bloqueia os aviões que estão trazendo respiradores", disse.
Lula também pontuou que "todos os países da América do Sul estão preocupados com a quantidade de infectados [pelo novo coronavírus] que tem no Brasil", e disse que Bolsonaro colocou no ministério da Saúde alguém - no caso, Nelson Teich - que "não entende patavinas" de política pública.
Para o petista, Bolsonaro não tem condições de governar o Brasil em meio à crise causada pela covid-19.
"Ele não tem noção do que é governar, trata esse país como se fosse o quintal da casa dele. Ele se preocupa mais em cuidar dos filhos do que do país", criticou.
Volta da Ditadura e alianças com o centrão
Na entrevista, Lula comparou os apoiadores do presidente que pedem o fechamento do STF (Supremo Tribunal Federal) e do Congresso Nacional e a volta da Ditadura Militar aos que se manifestam pela volta do nazismo na Alemanha.
"Essa gente não gosta de democracia, de pobre, de ascensão social. É preciso proibir esse tipo de manifestação e de discurso", disse.
Perguntado sobre como enxerga a recente aproximação de Bolsonaro com parlamentares do centrão, Lula disse que, sem alianças no Congresso, é impossível governar o país. O presidencialismo de coalizão foi uma das grandes críticas sofridas pelos governos petistas, e a troca de apoio por cargos foi um dos pilares da operação Lava Jato.
"Você não governa sozinho. Quem é que tem culpa da qualidade dos deputados eleitos? Todos nós. Somos nós que elegemos o Congresso tal como ele é, os senadores tais como eles são [...] Se ele quiser governar, aprovar projeto de lei, precisa construir uma maioria", disse.
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