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ONG cita post de Weintraub como exemplo de racismo contra asiáticos

7.mai.2019 - O ministro da Educação, Abraham Weintraub, em audiência pública na Comissão de Educação, Cultura e Esporte - Marcelo Camargo/Agência Brasil
7.mai.2019 - O ministro da Educação, Abraham Weintraub, em audiência pública na Comissão de Educação, Cultura e Esporte Imagem: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Do UOL, em São Paulo

12/05/2020 21h56Atualizada em 12/05/2020 22h15

A ONG Human Rights Watch (HRW) fez hoje um alerta quanto à disseminação de ideais racistas e xenefóbicos durante a pandemia do novo coronavírus, citando uma publicação do ministro da Educação, Abraham Weintraub, como exemplo negativo.

"Líderes de governo e oficiais do alto escalão por vezes incentivaram direta ou indiretamente os crimes de ódio, o racismo ou a xenofobia ao usar uma retórica anti-China", defendeu a organização. "O ministro da Educação do Brasil ridicularizou o povo chinês em um tuíte, sugerindo que a pandemia é parte de um plano do governo para 'dominar o mundo'", continuou.

Tuíte do Weintraub - Reprodução/Twitter - Reprodução/Twitter
Imagem: Reprodução/Twitter

A ONG fez referência a uma publicação de Weintraub no Twitter, em que ele usou Cebolinha, da Turma da Mônica, para "ironizar" o jeito de falar dos chineses. O tuíte acompanha a imagem de uma capa de gibi onde um dos personagens aparece segurando a bandeira da China.

"Geopoliticamente, quem podeLá saiL foLtalecido, em teLmos Lelativos, dessa cLise mundial? PodeLia seL o Cebolinha? Quem são os aliados no BLasil do plano infalível do Cebolinha paLa dominaL o mundo? SeLia o Cascão ou há mais amiguinhos?", escreveu.

Trump também é mau exemplo

Além do ministro brasileiro, a HRW ainda mencionou o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que costumava chamar o coronavírus de "vírus chinês", como outro exemplo negativo. Segundo a ONG, ele e o secretário de Estado, Mike Pompeo, podem ter encorajado discursos de ódio no país.

"Embora Trump tenha parado de usar o termo e tenha publicado um tuíte de apoio à 'comunidade asiática-americana', ele não adotou nenhuma ação específica para proteger asiáticos e descendentes de asiáticos no país", apontou a organização.

O governador da província de Vêneto, na Itália, também foi citado. Em fevereiro, Luca Zaia disse que seu país, um dos mais afetados pela covid-19, se sairia melhor que os chineses por conta da "cultura" dos italianos quanto à "higiene, lavagem das mãos e banhos", enquanto os asiáticos "comem ratos vivos". Ele se desculpou depois.

Aumento de ataques racistas

Coronavírus na China - Getty Images - Getty Images
Imagem: Getty Images

A HRW também denuncia que o aumento nas retóricas racistas fez crescer o número de ataques racistas, como "espancamentos, bullying, abusos e discriminação", que aparentam estar relacionados à pandemia de covid-19.

Na Itália, relata a ONG, a associação Lunaria, que promove a defesa dos direitos humanos no país, registrou ao menos 61 casos de assédio verbal, agressões e outros tipos de discriminações contra estrangeiros, a maioria chineses.

No Reino Unido, um jovem de 23 anos levou socos na cara após ser acusado de "espalhar" o coronavírus. Duas mulheres, ainda segundo a ONG, também atacaram estudantes chineses na Austrália aos gritos de "voltem para a China!". Na Espanha, um americano com ascendência chinesa foi agredido por dois homens e ficou desacordado por dois dias.

A Human Rights Watch também cita o Brasil, cuja imprensa tem reportado casos de assédio moral contra descendentes de asiáticos. Como exemplo, a organização mencionou um texto de Leonardo Sakamoto, colunista do UOL.