Delegado citado por número 2 da PF foi homenageado por Flávio Bolsonaro
O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) homenageou com a maior honraria do Rio de Janeiro o delegado da Polícia Federal Márcio Derenne, citado em depoimento do também delegado Carlos Henrique Oliveira de Souza —novo número 2 da PF e ex-superintendente da corporação no Rio de Janeiro— como um policial próximo a um dos filhos do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Derenne recebeu em 2008 a Medalha Tiradentes, maior homenagem existente na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro). Além de Flávio Bolsonaro, à época deputado estadual, a iniciativa teve como autor o ex-deputado José Nader. O registro da homenagem foi obtido pelo UOL.
Carlos Henrique Oliveira de Souza era superintendente da PF do Rio de Janeiro até o início de maio, quando foi retirado do cargo pelo novo diretor-geral da PF, Rolando Souza. A mudança na cúpula da PF no Rio seria um dos motivos para a interferência de Bolsonaro na corporação, segundo o ex-ministro Sergio Moro. Souza foi nomeado diretor-executivo da PF na atual gestão.
Em depoimento no inquérito que investiga a suposta interferência do presidente Jair Bolsonaro na PF, ele afirmou que Derenne era amigo de um dos filhos de Bolsonaro, mas não soube citar qual deles.
A PF do Rio voltou ao centro do debate público após o empresário Paulo Marinho —aliado de primeira hora de Jair Bolsonaro durante a campanha eleitoral e suplente de Flávio no Senado— afirmar que um delegado da PF vazou a Flávio Bolsonaro a existência de informações contra seu assessor Fabrício Queiroz no âmbito da Operação Furna da Onça, fase da Lava Jato do Rio.
Ainda segundo Marinho, o delegado teria afirmado que a operação —deflagrada em novembro de 2018— foi adiada para não prejudicar a candidatura de Bolsonaro à Presidência. Não há nenhuma evidência de que Derenne teria participado do vazamento. Segundo Souza, ele era lotado na Superintendência da PF no Rio durante a eleição, mas não participava das investigações da Furna da Onça.
Flávio Bolsonaro nega ter sido avisado da investigação.
Flávio descreveu delegado como "homem de coragem pulsante"
Na justificativa para a concessão da homenagem, Flávio argumentou que Derenne —à época subsecretário de Segurança do Rio— era um "homem de coragem pulsante e vontade inabalável de buscar sempre o melhor, sua dedicação transcende ao que é normalmente exigível de suas funções".
Além do cargo na segurança do Rio, Derenne foi assessor de Lindbergh Farias (PT-RJ) no Senado e de Leonardo Picciani (MDB-RJ) no Ministério do Esporte, além de ter atuado na Olimpíada de 2016. Hoje ele ocupa o cargo de representante da Interpol na ONU,para o qual foi nomeado em outubro de 2018. No atual governo, sua permanência foi renovada em março de 2019 pelo então ministro Sergio Moro.
O delegado também comandou a ADPF (Associação dos Delegados da Polícia Federal) no Rio de Janeiro.
O UOL procurou o senador Flávio Bolsonaro para comentar a homenagem e sua relação com Derenne, mas não obteve resposta até o momento.
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