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"Queiroz pulou o muro ou chegou voando a sua casa?", diz repórter a Wassef

Fabrício Queiroz no momento da prisão - Reprodução/Band
Fabrício Queiroz no momento da prisão Imagem: Reprodução/Band

Do UOL, em São Paulo

20/06/2020 21h47

A repórter Andréia Sadi, da TV Globo, questionou o advogado Frederick Wasseff se o ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), Fabrício Queiroz, preso em uma operação realizada na última quinta-feira (18), havia pulado o muro ou se chegou voando à casa dele em Atibaia (SP).

Wassef tem repetido em entrevistas que Queiroz não estava morando em sua casa, que não mantinha contato com ele e que também não lhe escondia.

"O senhor emprestou a casa para ele [Queiroz?", inicia Sadi, em entrevista por telefone exibida no "Jornal Nacional". "Não, porque eu não falei com o Queiroz, não tenho o telefone do Queiroz, eu nunca troquei mensagem com o Queiroz. O que eu posso dizer é o seguinte: sobre a pauta Queiroz, eu só vou poder falar até o ponto que eu posso falar por uma questão de sigilo", respondeu.

Não satisfeita, Sadi insiste na questão. "O Queiroz pulou o muro? Apareceu voando na casa do senhor? Ou foi levado por alguém?". Novamente, Wassef se esquiva da pergunta e diz que irá falar tudo com "muito prazer", mas não neste momento.

Fabrício Queiroz foi preso, na manhã da última quinta-feira, em Atibaia (SP), em um imóvel de Frederick Wassef, advogado do presidente da República. Ele estava lá hospedado há um ano, segundo o delegado responsável pela ação, enquanto a família Bolsonaro afirmava não saber seu paradeiro.

Queiroz é considerado o grande calcanhar de Aquiles da família Bolsonaro, acusado de ser o responsável por gerenciar as "rachadinhas" dos salários de servidores de seus gabinetes e de ser uma de suas conexões com milicianos e com o Escritório do Crime, no Rio.

O Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) identificou "movimentações atípicas" na conta do ex-assessor, no total de R$ 1,2 milhão. Queiroz deixou o gabinete de Flávio Bolsonaro em outubro de 2018

Para completar, a ação do Ministério Público do Rio de Janeiro que contou com o apoio do Ministério Público de São Paulo e da Polícia Civil também cumpriu mandado de busca e apreensão em um imóvel que era ocupado por uma assessora de Flávio Bolsonaro. O local, em Bento Ribeiro, Zona Norte do Rio, fica na mesma rua de um imóvel de Jair Bolsonaro que já foi escritório político e comitê eleitoral.

A prisão de Queiroz

Queiroz foi localizado e preso em um imóvel que pertence a Frederick Wassef, que na quarta esteve na posse do novo ministro das Comunicações, Fabio Faria (PSD), cerimônia que também contou com a presença do presidente.

A prisão de Queiroz é preventiva, ou seja, sem prazo para acabar. No local, policiais também apreenderam objetos como celulares, cartão de crédito e notas de reais.

A mulher de Fabrício Queiroz também teve prisão autorizada, mas não foi localizada até o momento.

Quem é Fabrício Queiroz

Queiroz já foi policial militar e é amigo do presidente Bolsonaro desde 1984. Reformado na PM, ele trabalhou como motorista e assessor de Flávio, então deputado estadual pelo Rio.

Queiroz passou a ser investigado em 2018 após um relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) indicar "movimentação financeira atípica" em sua conta bancária, no valor de R$ 1,2 milhão, entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017. Ele foi demitido por Flávio pouco antes de o escândalo vir à tona.

O último salário de Queiroz na Alerj foi de R$ 8.517, e ele teria recebido transferências em sua conta de sete servidores que passaram pelo gabinete de Flávio. As movimentações atípicas levaram à abertura de uma investigação pelo MP (Ministério Público) do Rio.

Uma das transações envolve um cheque de R$ 24 mil depositado na conta da hoje primeira-dama, Michelle Bolsonaro. O presidente, na época, se limitou a dizer que o dinheiro era para ele, e não para a primeira-dama, e que se tratava da devolução de um empréstimo de R$ 40 mil que fizera a Queiroz. Alegou não ter documentos para provar o suposto favor.

Em entrevista ao SBT em 2019, Queiroz negou ser um "laranja" de Flávio. Segundo ele, parte da movimentação atípica de dinheiro vinha de negócios com a compra e venda de automóveis.

"Sou um cara de negócios, eu faço dinheiro... Compro, revendo, compro, revendo, compro carro, revendo carro. Sempre fui assim", afirmou na ocasião.