Bolsonaro celebra proximidade com Temer: 'Me sinto bem conversando com ele'
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) usou parte de sua live semanal de hoje para celebrar sua proximidade com o ex-presidente Michel Temer (MDB). Ele disse que o convite a Temer para chefiar a comitiva do Brasil que viajou ao Líbano, após as explosões em Beirute ocorridas há duas semanas, foi sugestão do presidente da Fiesp, Paulo Skaf, que também está no país árabe.
Bolsonaro disse, ainda, que "se sente muito bem" conversando com o ex-presidente.
"O chefe de delegação foi uma sugestão do Paulo Skaf. Por que convidei o Michel Temer? Porque ele é filho de libaneses, e é um ex-presidente da República. De vez em quando, eu converso com ele. Tenho que trocar uma ideia de vez em quando com as pessoas, até para ver se a gente resolve algumas coisas. Me sinto muito bem conversando com ele, que se sente muito bem conversando comigo", disse.
O presidente disse que recebeu uma ligação de Temer, que desembarcou hoje em Beirute, e que ele teria relatado sentimento de "gratidão" aos libaneses.
Aproximação com o MDB
Reportagem do UOL publicada ontem mostra que, na prática, o gesto de Bolsonaro tira o experiente emedebista do ostracismo e o recoloca no jogo político do país.
Articuladores do governo entendem que, se o trabalho no Líbano for bem feito, Temer pode até mesmo ajudar a melhorar a imagem do Brasil no contexto internacional —área que tem sido muito criticada sob gestão do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo.
Já no cenário interno, segundo apurou a reportagem, há uma avaliação feita por militares ligados à cúpula bolsonarista de que a cartada do presidente é uma demonstração de "cordialidade" e contribui para reforçar a ideia de um novo ciclo do governante, uma fase "paz e amor".
Segundo palavras de um dos militares ouvidos, seria uma relação "ganha-ganha". Ele disse que Temer estava "sem função política" em São Paulo, "cuidando de seu escritório de advocacia e escrevendo poesia". Distante do xadrez político de Brasília, o ex-presidente limitava-se a dar entrevistas a jornais e emissoras de TV para falar de assuntos como reformas e disputas de poder.
O convite a Temer é também mais um passo que Bolsonaro dá a fim de estreitar laços com a ala veterana do MDB. A tática interessa ao governo porque o partido desembarcou recentemente do centrão —bloco informal que, após distribuição de cargos e outros gestos do presidente, firmou-se como base de sustentação do Executivo dentro do Congresso Nacional.
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