Bolsonaro compartilha denúncia de suposto repasse para família Marinho
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) compartilhou hoje em seu perfil no Twitter a notícia de que o doleiro Dario Messer teria declarado, em delação premiada ao Ministério Público Federal do Rio de Janeiro, que funcionários de sua equipe entregavam "em várias ocasiões" quantias entre US$ 50 mil e US$ 300 mil a integrantes da família Marinho. Em nota, Roberto e João Marinho negaram as acusações.
O caso foi revelado hoje, com exclusividade, pelo site da revista Veja. O post de Bolsonaro usa como fonte uma nota do site R7.
Ainda no post, Bolsonaro faz as contas do possível valor que teria sido pago aos donos da Rede Globo e chega ao montante de R$ 1,75 bilhão. No entanto, o valor não está descrito na reportagem original da Veja.
"R$ 1,75 bilhão... é o valor que pode ter sido repassado, em dinheiro vivo à família Marinho da Globo, segundo o doleiro Dario Messer", escreveu Bolsonaro.
Essa é a segunda crítica direta do presidente contra a Globo em menos de uma semana. No último domingo (9), o presidente afirmou que a rede de televisão "só espalhou o pânico na população e a discórdia entre os Poderes" durante a pandemia do novo coronavírus.
Além disso, afirmou que a Globo "desdenhou, debochou e desestimulou" o uso da hidroxicloroquina — que não tem comprovação científica para a doença, mas que segue sendo defendida por ele. No dia anterior, o "Jornal Nacional" culpou Bolsonaro por parte dos óbitos e relembrou algumas declarações dele desde o início da pandemia, como o "e daí?" e "não sou coveiro".
Bonner lê nota dos Marinho
Segundo a Veja, as entregas de Messer aconteciam duas ou três vezes ao mês, na década de 90, na sede da Rede Globo, no Jardim Botânico, no Rio de Janeiro. O dinheiro seria destinado a Roberto Irineu Marinho e João Roberto Marinho. O doleiro, no entanto, teria dito que nunca se encontrou com integrantes da família Marinho e não teria apresentado provas dos fatos.
"A respeito de notícias divulgadas sobre a delação de Dario Messer, esclarecemos que Roberto Irineu Marinho e João Roberto Marinho não têm e nunca tiveram contas não declaradas às autoridades brasileiras no exterior. Da mesma forma, nunca realizaram operações não declaradas às autoridades brasileiras", diz a nota da família Marinho, lida ao vivo pelo apresentador William Bonner.
Segundo a reportagem, Messer contou ter começado a fazer negócios com os Marinho por intermédio de Celso Barizon, supostamente gerente da conta da família no banco Safra de Nova York.
"Doleiro dos doleiros"
O nome de Messer ganhou notoriedade com a descoberta de esquemas criminosos liderados por Sérgio Cabral (MDB-RJ), preso pela Lava Jato desde 2016 e condenado a mais de 280 ano de prisão.
Procuradores da Lava Jato dizem acreditar que as informações e provas oferecidas por Dario Messer, conhecido como o "Doleiro dos Doleiros", em sua delação tenham potencial para identificar autoridades envolvidas em atos de corrupção.
Messer revelou ao MPF-RJ (Ministério Público Federal do Rio de Janeiro) informações sobre uma rede de doleiros. Isso porque, segundo o procurador Almir Teubl Sanches, da força-tarefa da Lava Jato no Rio, o círculo de relacionamentos desses operadores costuma envolver prioritariamente outros doleiros. Segundo o procurador, as investigações desdobradas a partir disso podem levar a nomes com foro privilegiado.
"Vamos pegar o caso do [ex-governador do Rio] Sérgio Cabral como exemplo. Ele não ligava para o Messer e dizia: 'Preciso mandar dinheiro para o exterior'. Ele tinha pessoas de confiança [os irmãos Marcelo e Renato Chebar] que eram acionadas e passaram a usar o sistema do Dario Messer. Talvez, Messer nem soubesse que aquele dinheiro era do Cabral. Investigaremos para quem essas pessoas [delatadas por Messer] atuavam. Por isso é difícil mensurar o alcance dessa colaboração", afirma o procurador.
Em depoimento, ele afirmou ter emprestado US$ 13 milhões ao ex-presidente paraguaio Horácio Cartes e admitiu ter sido o principal beneficiário da mesa de câmbio paralelo operada no Uruguai pelos também doleiros Claudio Barboza, o Tony, e Vinicius Claret, o Juca Bala — ambos também colaboradores da Lava Jato.
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