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Moro pede novo relator em inquérito sobre interferência de Bolsonaro na PF

Sergio Moro deixou o governo Bolsonaro acusando o presidente de tentar interferir na Polícia Federal - VALTER CAMPANATO/AGÊNCIA BRASIL
Sergio Moro deixou o governo Bolsonaro acusando o presidente de tentar interferir na Polícia Federal Imagem: VALTER CAMPANATO/AGÊNCIA BRASIL

Do UOL, em São Paulo

13/10/2020 19h01

O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sérgio Moro pediu na tarde de hoje que o Supremo Tribunal Federal (STF) determine um novo relator no processo de inquérito que investiga a suposta interferência política do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na Polícia Federal. O pedido ocorre devido à saída do ministro Celso de Mello, que se aposentou hoje da Corte.

"Em virtude da aposentadoria do Decano do Supremo Tribunal Federal, o ministro Celso de Mello, torna-se necessária a redistribuição do feito, considerando a natureza do procedimento", disse a defesa de Moro, no pedido.

A investigação foi aberta após Moro deixar a pasta da Justiça e Segurança Pública afirmando que o presidente tentou interferir no comando da PF. Bolsonaro tem negado qualquer irregularidade.

Em sua última sessão no STF antes de se aposentar, o decano Celso de Mello votou a favor de rejeitar o recurso da AGU (Advocacia-Geral da União) que solicitava que Bolsonaro prestasse depoimento por escrito no inquérito.

O decano, que era o relator do inquérito no STF, afirmou que o depoimento por escrito seria um "privilégio" e que este direito não é garantido por lei ao presidente da República quando ele figurar como investigado no caso.

À CNN, Moro comentou o pedido feito por sua defesa e negou que o movimento tenha sido para que o desembargador Kássio Nunes Marques, indicado por Bolsonaro à vaga no lugar de Celso de Mello no STF, fique com o caso.

"Esse inquérito... primeiro, que quem pediu a abertura desse inquérito foi o procurador-geral da República. Eu tenho muita tranquilidade no que falei naquela data, e os limites do que falei. Eu não falei que o presidente cometeu um crime. Foi o procurador quem quis abrir o inquérito. Agora não vou fazer comentário específico sobre esse inquérito. Foi uma decisão da defesa", disse ele.

"É uma decisão da [minha] defesa. Ela tem as razões dela. Não tenho nada contra o ministro, ao candidato [Kássio Nunes Marques] indicado [ao STF]. Talvez, a minha única contrariedade em relação a isso, foram algumas declarações que o candidato fez e sugerem que ele não seria favorável a uma revisão da jurisprudência para restabelecer a execução criminal. Mas isso não significa que ele não seja um bom jurista. São divergências razoáveis. Não o conheço ele. Torço para que tenha sucesso", completou, em seguida.