Covas rebate Mourão e diz que no Brasil 'milhões são afetados' pelo racismo
O atual prefeito de São Paulo e candidato à reeleição, Bruno Covas (PSDB), rebateu hoje à noite no Twitter o vice-presidente da República, Hamilton Mourão (PRTB), afirmando que existe sim racismo no Brasil.
Ontem, justamente no Dia da Consciência Negra e após o caso de João Alberto, homem negro espancado até a morte no Carrefour, Mourão afirmou que o racismo é algo que as pessoas querem importar porque não existe no território brasileiro.
"Sr. General Mourão, vice-presidente do Brasil, lamento sua fala. O racismo existe no Brasil, é estrutural e milhões de brasileiros são afetados diariamente por isso", escreveu Covas, usando ainda a #VidasNegrasImportam.
Ainda ontem, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) minimizou o racismo no Brasil. Em um longo texto publicado nas suas redes sociais, Bolsonaro disse ser "daltônico" e alegou que "todos têm a mesma cor".
"Não nos deixemos ser manipulados por grupos políticos. Como homem e como Presidente, sou daltônico: todos têm a mesma cor. Não existe uma cor de pele melhor do que as outras. Existem homens bons e homens maus. São nossas escolhas e valores que fazem a diferença", completou.
Racismo no Brasil
Segundo dados da Pnad, negros (definidos pelo IBGE como pretos e pardos) têm maiores dificuldades de acesso à moradia: 7 em cada 10 que moram em casas com inadequação são pretos ou pardos.
A desigualdade também é sentida na vulnerabilidade: mulheres negras têm 64% mais riscos de serem assassinadas quando comparadas com mulheres brancas.
Já um estudo divulgado hoje pela PUCRS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul), em parceria com a Rede de Observatórios da Dívida Social na América Latina (RedODSAL), mostra que trabalhadores negros recebem salário 17% menor que o de brancos que têm a mesma origem social, em média.
O resultado mostrou que há diferenças no rendimento de brancos e negros, mesmo quando eles vêm de famílias com recursos econômicos e culturais semelhantes.
O Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2020, por sua vez, aponta que oito a cada dez pessoas mortas pela polícia em 2019 eram negras.
O dia da Consciência Negra, celebrado no dia da morte de Zumbi dos Palmares, existe para refletir e exigir mudanças nessas questões e em outras, como as desigualdades de acesso à educação e de oportunidades no mercado de trabalho.
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