Ciro sobre Dino ser candidato de Lula: Já passei por essa enganação
O ex-governador do Ceará e ex-ministro Ciro Gomes (PDT) disse que já passou por "enganação" quatro vezes sobre ser o candidato à Presidência apoiado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Em entrevista à revista Época, questionado se o governador do Maranhão Flávio Dino (PCdoB) sonha em ser o candidato do Lula, Ciro disse ter advertido o amigo sobre o tema.
"Já disse a ele: 'Olha, essa enganação aí, já passei por ela quatro vezes'. O Lula chorando na presença de várias pessoas dizendo que devia tudo a mim, que eu tinha sido o cara mais leal do mundo e que naturalmente eu era o candidato. Falei: 'Lula, você não tem condição de cumprir essa promessa, não precisa ficar dizendo isso, não. Estou fazendo pelas minhas convicções, pelo Brasil. Mas você não entrega essa promessa porque fora do PT não existe mundo para você'", respondeu.
"O jogo do Lula é mais cretino, é filiar o Flávio Dino ao PSB para me tirar o PSB", acrescentou sobre o assunto. Nesta semana, o prefeito eleito de Recife, João Campos (PSB), afirmou que o partido discute apoiar uma eventual candidatura de Ciro à Presidência em 2022.
Para Ciro, o PT o vê como seu principal adversário nas eleições de 2022, mais até do que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que deve buscar a reeleição.
"Você acha que o Lula, com a experiência, a brilhante vocação política que tem, o extraordinário gênio político que ele é, não sabia que as eleições de 2018 estavam perdidas para o PT? Acha que ele acreditava que o... Bom, eu conheço a opinião dele sobre o (Fernando) Haddad, mas também estou interditado eticamente de dizer. Mas a pergunta é: Por que não deixar Jaques Wagner ser candidato, Tarso Genro ser candidato? Lançar alguém que teve 16% dos votos um ano antes?", questionou.
A grande questão é que o Lula não quer que surja nenhuma grande liderança dentro do PT. E eu não obedeço a isso. Acabou Ciro Gomes
'Fosso intransponível' com Lula
Sobre o encontro que teve no fim de outubro com o ex-presidente, Ciro disse que os dois conversaram por cerca de quatro horas. "Percebemos ali que ele ficou muito isolado e estava cercado de puxa-sacos que fraudam a percepção das coisas para ele. Combinamos, inclusive, de nos tratarmos pessoalmente. Mas nosso fosso hoje é intransponível", relatou.
Ele também comentou sobre a declaração de Jaques Wagner, que se colocou como uma opção de candidato para concorrer em 2022 ao posto de governador da Bahia e até mesmo ao de presidente durante entrevista nessa semana.
"Isso é sintomático dessa tensão que está lá dentro. O Jaques Wagner é um belo quadro, isso desde 2018. A questão básica é que a força dominante daquelas eleições, que parece não ter sido removida ainda do Brasil, é um antipetismo, parte justo e parte injusto."
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