Após prisão, partido de Crivella critica "judicialização da política"
O Republicanos, partido de Marcelo Crivella, saiu em defesa do prefeito afastado do Rio, preso na manhã de hoje em uma ação da Polícia Civil. Em nota, a legenda presidida pelo deputado Marcos Pereira disse acreditar na "idoneidade" do prefeito e criticou a chamada judicialização da política.
"A Executiva Nacional do Republicanos aguarda detalhes e os desdobramentos da prisão do prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella. O partido acredita na idoneidade de Crivella e vê com grande preocupação a judicialização da política", diz a nota do Republicanos.
Com a prisão, o TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro) suspendeu Crivella das funções públicas.
Crivella foi denunciado pelo MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) ao TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio) com outras 25 pessoas. Eles foram acusados pelos crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro, corrupção passiva e corrupção ativa.
Crivella diz que "combateu a corrupção"
A ação que levou à prisão de Crivella hoje é um desdobramento da Operação Hades, deflagrada em março, que investiga um suposto esquema de pagamentos de propina para a liberação de contratos da Prefeitura do Rio, chamado de "QG da Propina". No total, a polícia tenta cumprir hoje sete mandados de prisão. Seis pessoas foram presas, segundo o MP-RJ.
Mais cedo, ao chegar à Delegacia Fazendária, na Cidade da Polícia, onde prestou depoimento, Crivella falou rapidamente com os jornalistas. "Fui o prefeito que mais combateu a corrupção na Prefeitura do Rio de Janeiro", declarou, dizendo ainda que agora espera "justiça".
Ele também foi suspenso das funções públicas, segundo determinação do TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro). Com isso, ele está afastado do cargo. Quem assume o comando da cidade é o presidente da Câmara de Vereadores, Jorge Felippe (DEM). O vice-prefeito Fernando McDowell, morreu em maio de 2018.
Crivella disputou a reeleição em novembro, mas foi derrotado por Eduardo Paes no segundo turno. Ele era apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Seu mandato terminaria em nove dias, em 31 de dezembro.
Alvos da operação de hoje
Além de Crivella, são alvos da operação o ex-senador Eduardo Lopes (Republicanos-RJ), o empresário Rafael Alves e o ex-tesoureiro de campanhas eleitorais de Crivella, Mauro Macedo. Há mandados também contra Fernando Morais (delegado), Cristiano Stokler e o empresário Adenor Gonçalves.
O ex-senador Eduardo Lopes não foi encontrado em casa. Ele foi presidente da Riotur e assumiu a vaga no Senado após a eleição de Crivella para a Prefeitura do Rio, em 2016.
De acordo com as investigações, empresas que desejavam fechar contratos com a prefeitura ou tinham recursos a receber do município eram obrigadas a pagar propina a Rafael. Em troca, o empresário facilitava a assinatura dos contratos e o pagamento das dívidas. Contra ele, a polícia também cumpre um mandado de busca e apreensão de uma lancha que está em Angra dos Reis, na região da Costa Verde do Rio.
O UOL entrou em contato com os advogados dos suspeitos, mas ainda não obteve retorno.
As investigações se baseiam no acordo de colaboração premiada do doleiro Sérgio Mizrahy, preso pela Operação Câmbio, Desligo. Ele apontou Rafael Alves como chefe do esquema criminoso que aconteceria na prefeitura.
O prefeito do Rio e membros do primeiro escalão de seu governo foram alvos de outra operação do MP-RJ em setembro. Na ocasião, Crivella teve o celular apreendido.
*Com informações da Agência Estado
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