Demanda resposta nacional, diz presidente do partido sobre assédio de Cury
O presidente nacional do Cidadania, Roberto Freire, defendeu a decisão do partido de processar o deputado estadual Fernando Cury perante a Comissão de Ética Nacional do Cidadania.
Cury tornou pública nesta quarta-feira sua resposta oficial, em que diz que o partido cerceia sua defesa, uma vez que, ao ser processado pela comissão nacional, ele não teria direito a recurso. De acordo com o documento, o código de ética do Cidadania prevê que deputados estaduais devam ser processados no diretório estadual.
Freire afirma que não há cerceamento de defesa e que a decisão foi tomada em comum acordo com o diretório estadual, comandado pelo deputado federal Arnaldo Jardim.
Cury foi acusado de assédio sexual pela deputada estadual Isa Penna (PSOL). Em imagem gravada na sessão de 16 de dezembro, no plenário da Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo), o deputado abraça a colega por trás e sua mão direita encosta no seio direito da deputada, que reage imediatamente.
"O caso é nacional e demanda uma resposta nacional. Uma questão nacional [o assédio] não pode ser respondida de forma local", disse Freire.
É um problema de gravidade, que foi pauta nacional e cabia ao diretório nacional dar uma resposta.
Roberto Freire, deputado federal por cinco vezes, senador por Pernambuco e presidente do Cidadania
A defesa de Cury acusa Freire de deslealdade, mas ele não quis comentar. "É o Conselho de Ética que vai receber ou não a defesa dele", disse.
Ontem, nota do "Painel" da Folha antecipou trecho da defesa de Cury em que diz que o partido quer puni-lo para viabilizar a candidatura de Luciano Huck para presidente, em 2022, pelo partido.
"Nada justifica, (nem mesmo a eventual candidatura pelo Cidadania de Luciano Huck à presidência da República), o desrespeito da Constituição da República e das regras procedimentais do Código de Ética por parte do próprio partido e de seu Presidente Nacional Roberto Freire", escreveu no documento.
"O que o Huck tem a ver com isso?", ironizou Roberto Freire, que, em entrevista à Revista Crusoé, em novembro, disse que Huck seria o "candidato dos sonhos".
Está prevista para hoje uma reunião do Conselho de Ética da Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo) para tratar do caso de assédio contra Isa Penna, mas a reunião antes do fim do recesso parlamentar só ocorrerá com autorização da maioria dos deputados (48 votos).
A deputada já expôs o caso ao Ministério Público Estadual e à Polícia Civil. Ela mandou e-mail para todos os 94 deputados para que a sessão do Conselho de Ética seja autorizada a ocorrer em janeiro.
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