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Witzel diz que ex-secretário roubou R$ 18 milhões: 'Fez delação, tá solto'

Do UOL, em São Paulo

17/03/2021 16h21Atualizada em 17/03/2021 18h12

Réu por corrupção e lavagem de dinheiro, o governador afastado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), criticou hoje o MPF (Ministério Público Federal) por denúncia apresentada contra ele, dizendo que o órgão "fala um monte de coisa que não é comprovada" e leva em consideração apenas a palavra de seu ex-secretário de Saúde, Edmar Santos, a quem acusou de roubar R$ 18 milhões.

Além do governador afastado, a denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República) envolve sua esposa, Helena Witzel. No UOL Entrevista, ele rejeitou as acusações feitas em delação premiada por Santos, que definiu o governador como o líder da organização criminosa acusada de desviar recursos destinados à covid-19.

"Minha esposa não advogou para nenhuma empresa com contrato com o estado, nunca recebi nenhum valor ilícito para dar qualquer decisão e estou sendo acusado única e exclusivamente pela palavra do delator, que foi surpreendido com mais de RS 8 milhões. O empresário Edson Torres diz que pagou R$ 18 milhões, ele só devolveu R$ 8 milhões, pode voltar para cadeia por conta disso", afirmou.

Apesar de citar declaração de Edson Torres —que também revelou em depoimento ao MPF ter entregue R$ 980 mil a Witzel na pré-campanha ao governo fluminense—, o governador afastado não apresentou provas da acusação contra Santos.

Quando ele [Edmar Santos] se viu na situação de ser surpreendido com mais de R$ 8 milhões em espécie, a única saída que teve —é um homem inteligente, médico, doutor—, foi construir uma narrativa que colocasse a responsabilidade sobre mim. (...) O que o livrou da cadeia foi fazer uma confissão dizendo todos os absurdos que falou em relação a mim

Wilson Witzel (PSC), governador afastado do Rio

Ele também citou —e criticou— as buscas e apreensões no Palácio Laranjeiras, então residência oficial do governador do Rio, no escritório de advocacia onde Helena trabalhava e em seu imóvel no Grajaú (zona norte carioca), todas em maio do ano passado. Ele sugeriu que as operações foram inúteis, já que "ninguém encontrou absolutamente nada".

"Não foram encontradas joias, dinheiro em espécie nas minhas costas, carro na minha garagem. Não tenho mansão, helicóptero, não tenho bens que justifiquem, muito menos sinais exteriores de riqueza. Não vou a restaurante caro, não me hospedo em hotel milionário, nem aqui e nem fora do Brasil. Essa narrativa [de que desviei dinheiro da saúde] não se sustenta", defendeu-se.

'Fiscalização funcionou'

Mesmo tendo sido acusado de participar de um suposto esquema de desvios na saúde, Wilson Witzel defendeu os órgãos de fiscalização de sua gestão e atribuiu ao que chamou de "máfia da saúde" a culpa por seu processo de impeachment.

"A Polícia Civil no meu governo é independente, por isso todas as investigações que vêm sendo feitas têm incomodado muita gente. Uma das máfias mais fortes é a máfia da saúde. A máfia da saúde no Rio de Janeiro é poderosa com essas organizações sociais [OSs], e eu decidi enfrentar", disse o governador afastado.

Os órgãos de controle no meu governo funcionaram tanto que as máfias estão se mexendo, atuando. Eu fui afastado, mas as máfias não foram afastadas

Wilson Witzel (PSC), governador afastado do Rio

Ele rejeitou comparações com o governo de Sérgio Cabral, ex-governador do Rio preso desde dezembro de 2016, com sentenças que somam mais de 300 anos de reclusão. Segundo Witzel, Cabral é "réu confesso" e pode até ter desviado bilhões de reais —o que, disse ele, não é seu caso.

"A Adriana Ancelmo [ex-esposa de Cabral] advogava para a Cedae [empresa de água e esgoto], recebeu milhões de reais por advogar para a Cedae. A Helena [Witzel, sua esposa] é advogada, mas não advogou para nenhuma empresa que tenha vínculo com o estado", defendeu. "Não tem vinculação nenhuma com o estado, isso não existe nos autos, não há comprovação disso."