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Doria critica 'asnice' de Paulo Guedes: 'Nós precisamos da China'

Governador de São Paulo, João Doria (PSDB), durante entrevista coletiva sobre a pandemia no Palácio dos Bandeirantes - Divulgação/Governo do Estado de São Paulo
Governador de São Paulo, João Doria (PSDB), durante entrevista coletiva sobre a pandemia no Palácio dos Bandeirantes Imagem: Divulgação/Governo do Estado de São Paulo

Colaboração para o UOL

28/04/2021 18h28

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), chamou de "asnice" a declaração do ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre a suposta criação da covid-19 por parte dos chineses. Após a repercussão negativa, Guedes pediu desculpas e disse ter usado uma "imagem infeliz".

Em entrevista à CNN, Doria sugeriu que o ministro deve se concentrar no comando da pasta de Economia.

Não cabe a um ministro da Economia falar sobre ciência, vacina e saúde. E principalmente falar equivocadamente, de maneira ofensiva. Eu não sei se o ministro tem convivido em excesso com o presidente da República, porque pode ficar doente como ele. Sempre respeitei o ministro Paulo Guedes, mas falar uma asnice dessa, lamentável. Incompreensível uma posição com essa. Nós precisamos da China, dos chineses e dos insumos produzidos. É melhor que o ministro cuide da sua seara, que aliás vai mal", criticou.

O governador paulista também manifestou apreensão quanto a possíveis atrasos no recebimento de lotes de IFA (insumo farmacêutico ativo), utilizados na fabricação da CoronaVac.

"Se continuarmos a ter manifestações como essa de Paulo Guedes, agredindo chineses, o governo chinês e a vacina chinesa, realmente vai ser difícil nós conseguimos termos os insumos. Já vivemos isso num passado recente com o ex-chanceler brasileiro Ernesto Araújo, que fazia manifestações desairosas em relação à vacina e regime político da China. Até mesmo os filhos do presidente Jair Bolsonaro e por ele mesmo", apontou.

Ele também pediu que a família Bolsonaro evite se manifestar sobre a pandemia.

Eu não quero aqui politizar as circunstâncias. Por favor, fiquem em silêncio. Vocês já ajudarão muito ficando quietos", pediu.

Críticas à China

Essa não é a primeira vez que a origem do coronavírus é atribuída à China. Em março do ano passado, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, acusou o governo chinês de causar a pandemia. Na ocasião, ele postou em uma rede social que a doença teria sido escondida pelas autoridades sanitárias locais.

"Quem assistiu Chernobyl vai entender o que ocorreu. Substitua a usina nuclear pelo coronavírus e a ditadura soviética pela chinesa. [...] +1 vez uma ditadura preferiu esconder algo grave a expor tendo desgaste, mas que salvaria inúmeras vidas. [...] A culpa é da China e liberdade seria a solução".

Um mês depois, em abril, o então ministro da Educação, Arthur Weintraub, insinuou que a China sairia "fortalecida" da pandemia, apoiada por seus "aliados no Brasil", associando a origem da covid-19 ao país.

No começo do ano, a OMS (Organização Mundial da Saúde) divulgou um relatório inconclusivo sobre a origem da doença. No entanto, a pesquisa considerou que é "extremamente improvável" que a covid tenha atingido humanos devido a um incidente em laboratório. As hipóteses mais prováveis, segundo a entidade, são a "possível ou provável" origem de contágio direto de animal para humano; "provável ou muito provável" que tenha existido um animal intermediário entre um animal infectado e o homem e "possível" que o vírus tenha atingido os humanos por meio de produtos alimentícios.

Início da produção da ButanVac

Mesmo sem a autorização da Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária) para o início dos testes clínicos em humanos, o Instituto Butantan deu início hoje à fabricação de 18 milhões de doses da ButanVac. Ao todo, de acordo com Doria, a expectativa é produzir 40 milhões de doses do imunizante.

Hoje, a Anvisa solicitou ao Butantan informações adicionais para avaliar se autoriza ou não a realização do primeiro estudo com a vacina. Apesar de ter 120 dias para responder a autarquia, Doria disse que o instituto deve fornecer os documentos pedidos amanhã.

Sobre a hipótese de comprometimento da entrega da CoronaVac, pela fabricação da ButanVac, o governador de São Paulo afirmou que os sistemas fabris são diferentes.

"A fábrica da CoronaVac é uma, a fábrica que produz vacina contra gripe e que produzirá a ButanVac é outra. Uma não interfere na outra. Temos uma terceira fábrica que está sendo construída com investimento privado que estará pronta no final de setembro", informou.