Ato no Rio tem ao menos 9 bolsonaristas sem máscara; multas dariam R$ 5.624
Sem máscara, ao menos nove políticos subiram no palanque ao lado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), na tarde de hoje, depois de um passeio com motociclistas no Rio de Janeiro. O próprio chefe do Executivo federal também não respeitou a medida de prevenção. O ato foi encerrado com discursos em um carro de som no Aterro do Flamengo, na zona sul carioca.
No palanque, houve vaivém de pessoas e praticamente ninguém usava máscara. O ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, foi um dos presentes. Ele passou a maior do tempo sem o item de proteção, sobretudo quando apareceu ao lado do ex-chefe.
Posteriormente, o ex-ministro —um dos alvos da CPI da Covid, no Senado Federal— colocou a máscara, pouco antes de descer do carro de som.
Além de Bolsonaro e de Pazuello, estavam em desacordo com as regras os ministros Luiz Eduardo Ramos (Casa Civil) e Tarcísio Gomes de Freitas (Infraestrutura); os deputados federais Hélio Lopes (PSL-RJ), Carlos Jordy (PSL-RJ), Luiz Lima (PSL-RJ), Filipe Barros (PSL-PR) e Marco Feliciano (Republicanos-SP); e a deputada estadual Alana Passos (PSL-RJ).
Assessores pessoais e partidários, apoiadores, fãs, entre outros, também circularam sem máscara pelo carro de som. Já o ator Mário Gomes, que é eleitor de Bolsonaro, permaneceu com o item de proteção na maior parte do tempo.
No Rio, decreto da prefeitura determina desde março uma multa de R$ 562,42 para quem for flagrado sem máscara. Se a administração municipal decidir aplicar a sanção a Bolsonaro e ao time de apoiadores, o somatório das infrações seria de R$ 5.624,20.
Recentemente, o prefeito da cidade, Eduardo Paes (DEM), multou a si próprio justamente por ter sido flagrado sem máscara em uma roda de samba no centro do Rio. "Errei e me desculpo", disse ele, dois dias depois.
Segundo a reportagem do UOL observou no local, o desrespeito às normas de proteção contra a covid-19 não foi uma exclusividade das autoridades. Do público que compareceu ao Aterro do Flamengo para acompanhar o ato, poucas pessoas usavam máscaras. Não houve observância da regra de distanciamento social mínimo.
Antes de chegar ao Aterro do Flamengo, Bolsonaro liderou um passeio com motociclistas iniciado na Barra da Tijuca, na zona oeste carioca.
Aglomerações
A passagem de Bolsonaro pelo Rio de Janeiro foi marcada por aglomerações. Depois de descer do helicóptero, Jair Bolsonaro cumprimentou apoiadores. Assim como o próprio presidente, a maioria dos seus seguidores estava sem máscara.
O evento aconteceu em momento que o próprio governo recebe alertas para uma nova onda de casos de covid-19, que especialistas avaliam como ainda pior, e a média móvel de mortes pela doença parou de cair.
Na sequência, o presidente posou para fotos e, por volta das 10h, colocou o capacete e deu a arrancada para o passeio. No meio do percurso, Bolsonaro parou e subiu na moto em que era conduzido, como se posasse para fotos.
O último decreto estadual com medidas de prevenção da covid-19 determina que o uso de máscara é obrigatório em todos os locais públicos do Rio.
1.000 policiais
A participação de Bolsonaro mobilizou um efetivo de mais de 1.000 policiais militares de mais de 20 unidades diferentes. O evento em apoio ao presidente, pelas ruas das zonas oeste e sul da cidade, ocorre no momento em que o governo é pressionado pelas revelações da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid-19, no Senado, e em que o o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cresce nas pesquisas de intenção de voto na eleição de 2022.
Apesar de o evento ser oficialmente organizado por apoiadores de Bolsonaro, toda a segurança no Aterro do Flamengo foi feita por homens do GSI (Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República). Os agentes estão munidos de detectores de metais e criaram um cercadinho para a imprensa, nos mesmos moldes do montado diariamente no Palácio do Alvorada.
Críticas da oposição
Enquanto o passeio de moto percorria as ruas do Rio de Janeiro, oposicionistas à gestão federal declararam que a cena é "debochada e perversa".
A líder nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR) relembrou que o país está diante de um alerta de terceira onda do coronavírus e sem insumos suficientes e com a capacidade de leitos reduzida, enquanto Bolsonaro "marca uma nova aglomeração".
"É debochado e perverso, só está onde está porque tem a cumplicidade de aliados irrigados por emendas e que nos negam o impeachment", disse Gleisi.
A mesma linha crítica foi adotada pelo senador Humberto Costa (PT-PE), integrante da CPI da Covid. O parlamentar acredita que o evento representa a "crueldade" de Bolsonaro diante de uma nação com "14,5 milhões de miseráveis".
Oposicionistas também publicaram vídeos de panelaços durante a passagem de Bolsonaro por alguns bairros do Rio de Janeiro.
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