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'Quem não está contente tem Lula em 2022', diz Bolsonaro a apoiadores

Lucas Valença

Colaboração para o UOL, em Brasília

25/05/2021 10h57Atualizada em 25/05/2021 14h15

Irritado com o questionamento de uma apoiadora, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou hoje que quem não está contente com a atual gestão do governo federal pode escolher votar em Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2022. A fala foi feita a apoiadores na entrada do Palácio do Alvorada.

"Entendi mal não. A senhora tem um grande candidato em 2022, para chegar, assumir e resolver o problema do Brasil", disse Bolsonaro.

Na semana passada, o ex-presidente Lula admitiu que não hesitará em disputar as eleições presidenciais de 2022 "se estiver na melhor posição" e gozando de boa saúde.

Em entrevista a uma revista francesa, Lula disse que criou "laços fortes com Europa, América do Sul, África, Estados Unidos, China, Rússia... Sob meu mandato, o Brasil tornou-se um importante ator no cenário mundial".

Segundo a última pesquisa do Datafolha, Lula obteria uma larga vantagem no primeiro turno das eleições presidenciais (41%) e também venceria no segundo turno, com 55% dos votos, contra 32% de Bolsonaro.

Bolsonaro critica lockdown

Ainda em conversa com apoiadores, Bolsonaro voltou a atacar o chamado lockdown, medida de isolamento social utilizado por alguns municípios para combater a proliferação da covid-19.

"Vocês reclamam de alguns prefeitos, como aquele lá de Araraquara. Ele deitava e rolava no lockdown e foi reeleito, então por favor. Se não fosse o governo para socorrer com dezenas de toneladas de alimentos, o povo lá estaria em uma situação bastante complicada", disse.

Ele também informou que teve uma conversa com o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, para impedir, nos futuros contratos, que motociclistas sejam cobrados nos pedágios federais.

"Esse ano vai ter contrato novo na (Presidente) Dutra (avenida que liga o Rio de Janeiro e São Paulo) e em quase todo o Paraná. Agora tem rodovias estaduais que governadores vão continuar cobrando", afirmou.

Passeio de moto no RJ

Ao falar sobre a manifestação de motocicletas na capital carioca, que ocorreu neste domingo (23) e contou com a participação de Bolsonaro, o mandatário decidiu criticar o trabalho da imprensa.

Teve uma TV aí, eu vi as imagens, que filmou o final. Eu não estou preocupado com a mídia não. Eu quando não tenho o que fazer assisto [a] Chaves.
Jair Bolsonaro

No domingo, Bolsonaro apareceu sem máscara ao lado do ex-ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, e atacou governadores ao dizer que restrições vem sendo adotadas "sem qualquer comprovação científica", na contramão do que dizem os epidemiologistas.

Para acompanhar o ato, a Polícia Militar do Rio de Janeiro precisou montar um aparato que custou ao menos R$ 545 mil aos cofres públicos do estado. Na manifestação, apoiadores do governo levaram cartazes defendendo um golpe militar —chamados por eles de "intervenção".

Bolsonaro voltou a prometer tomar "todas as medidas necessárias" contra as normas de isolamento social. Em seguida, militantes presentes cantaram o bordão "Eu autorizo", usado como hashtag nas redes sociais por quem defende um golpe para ampliar os poderes do presidente.

O ato aconteceu um dia após o Brasil registrar um total de 448.291 mortes por conta da covid-19. Diante da cena, a oposição criticou a gestão federal e declarou que a cena é "debochada e perversa".

A líder nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR), relembrou que o país está diante de um alerta de terceira onda do coronavírus e sem insumos suficientes e com a capacidade de leitos reduzida, enquanto Bolsonaro "marca uma nova aglomeração".

É debochado e perverso, só está onde está porque tem a cumplicidade de aliados irrigados por emendas e que nos negam o impeachment Gleisi Hoffmann (PT-PR)

O líder da oposição na Câmara, Alessandro Molon (PSB-RJ), foi irônico ao citar os "recordes" que o governo Bolsonaro conseguiu atingir ao longo de sua gestão, desde 2018. O parlamentar citou a extrema pobreza, mortes por covid-19, inflação, desemprego, desmatamento e a alta do dólar. Ao final da mensagem, o deputado criticou: "E o presidente passeando de moto".