450 mil mortes é pouco para planos de Bolsonaro, diz jornalista no NYT
Um artigo publicado ontem pelo jornal americano The New York Times acusa o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de pretender matar 1,4 milhão de brasileiros com a estratégia de "imunidade de rebanho". "De sua perspectiva, os 450.000 brasileiros já mortos pela covid-19 devem parecer um trabalho nem mesmo feito pela metade", diz a jornalista brasileira Vanessa Barbara na publicação.
"Bolsonaro aparentemente pretendia levar o país à imunidade coletiva por infecção natural, quaisquer que fossem as consequências. Isso significa - assumindo uma taxa de mortalidade de cerca de 1% e considerando 70% de infecção como um limite provisório para imunidade de rebanho - que ele planejou pelo menos 1,4 milhão de mortes no Brasil", explica Vanessa.
Ela relembra as atitudes de Bolsonaro contra os protocolos de proteção à covid-19. "O presidente parecia fazer de tudo para facilitar a disseminação do vírus. Ele passou o último ano falando e agindo contra todas as medidas cientificamente comprovadas para conter a propagação do vírus", diz a jornalista, que lembra que Bolsonaro considerava o distanciamento social algo para "idiotas", que as máscaras eram "ficção" e que as vacinas poderiam o transformar em jacaré.
Além disso, também é citado o tratamento precoce promovido por Bolsonaro, apesar de todas as evidências científicas mostrando a ineficácia dele e com o conselho expresso de dois ex-ministros da Saúde (Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich) contra o tratamento.
CPI da Covid
O artigo não deixou de citar a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid que está acontecendo no Brasil, descrita como "uma grande distração da realidade sombria. Transmitido online e transmitido pela TV Senado, o inquérito é uma exibição estranhamente fascinante de evasão, inépcia e mentiras descaradas".
Durante a investigação, foram questionadas, entre outros assuntos, a recusa das vacinas da Pfizer. "A empresa farmacêutica se ofereceu repetidamente para vender sua vacina covid-19 ao governo brasileiro entre agosto e novembro do ano passado, mas não obteve resposta", diz o artigo.
A jornalista ainda cita a campanha "O Brasil Não Pode Parar", veiculada em março do ano passado. "Incentivando que as pessoas não mudassem suas rotinas, a campanha afirmou que 'as mortes por coronavírus entre adultos e jovens são raras'. A campanha fortemente criticada acabou sendo proibida por um juiz federal e em grande parte esquecida".
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