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CPI da Covid: novo depoimento de Queiroga é marcado para o dia 8

Senadores críticos ao governo estudam convocar o presidente da CBF, Rogério Caboclo - MATEUS BONOMI/AGIF - AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/ESTADÃO CONTEÚDO
Senadores críticos ao governo estudam convocar o presidente da CBF, Rogério Caboclo Imagem: MATEUS BONOMI/AGIF - AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/ESTADÃO CONTEÚDO

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

01/06/2021 21h00Atualizada em 02/06/2021 13h22

Um novo depoimento do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, à CPI da Covid foi marcado para o próximo dia 8 de junho. A decisão ocorreu após reunião de senadores independentes e de oposição, o chamado grupo dos sete ou G7.

No encontro, realizado na casa do presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM), na noite de hoje, parlamentares também discutiram como lidar com o anúncio da realização da Copa América no Brasil.

Em publicação no Twitter, o ministro-chefe da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, divulgou que a competição será disputada no país, um dia após pedido da Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) e da CBF (Confederação Brasileira de Futebol). Segundo o UOL Esporte apurou, serão usados cinco estádios na competição.

No dia em que o país ultrapassou o marco de 465 mil mortes desde o início da pandemia, senadores críticos ao governo estudam convocar o presidente da CBF, Rogério Caboclo, para prestar explicações. O vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), inclusive, já apresentou requerimento nesse sentido ontem.

Diante desse cenário [da pandemia], esta Comissão Parlamentar de Inquérito precisa ouvir o presidente da CBF para saber que medidas foram tomadas para garantir a segurança sanitária dos brasileiros e das delegações estrangeiras durante a realização do evento."
Trecho da justificativa do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP)

Para outro membro da CPI que integra a oposição ao governo de Jair Bolsonaro (sem partido), a Copa América não deve ser tratada diretamente pelos senadores, mas, sim, por meio da reconvocação do ministro da Saúde. Ou seja, tentaria-se extrair do médico uma opinião técnica sobre os eventuais riscos que o evento pode trazer ao combate da pandemia no Brasil.

Entre outros pontos relativos à condução do governo no enfrentamento à pandemia, Queiroga também deve ser questionado sobre as aglomerações com a presença do presidente Bolsonaro, como as "motociatas" em Brasília e no Rio de Janeiro. A expectativa é de que Bolsonaro participe de evento semelhante em São Paulo daqui a dois finais de semana.

Neste último sábado (29), foram realizados atos em todos os estados e no Distrito Federal que tiveram como tônica a defesa do impeachment do presidente e críticas à sua gestão durante a pandemia. Os protestos foram organizados por movimentos sociais e contaram com o apoio de partidos de esquerda. Apesar de maior atenção ao uso de máscaras e ao distanciamento social, também houve registro de aglomerações.

As reconvocações de Queiroga e do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello foram aprovadas pela CPI.

Limitações à cloroquina?

Outro ponto a ser discutido pelos senadores deve ser limitar os depoentes que defendem o uso da cloroquina contra a covid-19. O remédio não tem eficácia comprovada para tratar a doença até o momento.

Hoje, a médica Nise Yamaguchi, que defende a cloroquina prestou depoimento à CPI. Ela contradisse falas do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta e do presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Antonio Barra Torres, sobre a ideia de se mudar a bula da cloroquina. Negou ainda existir um "gabinete paralelo" de assessoramento a Bolsonaro.

A intenção de parte da CPI é avançar em outros pontos, como ouvir ex-assessores de Pazuello e ao menos nove governadores. Grupo de mandatários estaduais entrou com ação no STF (Supremo Tribunal Federal) para evitar serem convocados para depor na CPI da Covid.

Ainda não há um desfecho, mas alguns membros da CPI apostam que o Supremo vai tornar facultativa a ida dos governadores.

A CPI da Covid foi instalada há pouco mais de um mês e busca apurar ações e eventuais omissões do governo federal no enfrentamento à pandemia do novo coronavírus no Brasil, assim como apurar o uso de verbas da União repassadas a estados e municípios.

O prazo da CPI é de 90 dias, que pode ser prorrogado.

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.