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'Maior erro' foi falta de orientação à população sobre a covid, diz Mourão

"Acho que esse foi o grande erro, [faltou] uma campanha de esclarecimento firme", opinou Mourão - Wallace Martins/Futura Press/Estadão Conteúdo
"Acho que esse foi o grande erro, [faltou] uma campanha de esclarecimento firme", opinou Mourão Imagem: Wallace Martins/Futura Press/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

22/06/2021 22h13Atualizada em 23/06/2021 07h09

O vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) criticou a falta de comunicação eficiente do governo federal com a população sobre a realidade da pandemia. Para o general, faltaram campanhas para orientar as pessoas — não só sobre a vacinação, mas também quanto à realidade da covid-19, que já deixou quase 505 mil mortos no Brasil.

"Acho que esse foi o grande erro, [faltou] uma campanha de esclarecimento firme, como tivemos no passado de outras vacinas, mas [também] uma campanha de esclarecimento da população sobre a realidade da doença, [com] orientações o tempo todo", disse Mourão em entrevista a Roberto D'Ávila, da GloboNews.

Vou dizer para ti qual é o nosso maior erro, na minha visão: a questão de comunicação, de campanhas de esclarecimento à população. (...) Acho que [ter feito] isso teria sido um trabalho eficiente do nosso governo.
Hamilton Mourão, vice-presidente

Comunicação falha

Recentemente, Mourão também reclamou de sua comunicação com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), dando indícios de que a relação dos dois tem se tornado cada vez mais distante. No último domingo (20), em entrevista a O Estado de S.Paulo, o vice-presidente disse não saber mais o que é discutido no Palácio do Planalto.

"É muito chato o presidente fazer uma reunião com os ministros e deixar seu vice-presidente de fora. É um sinal muito ruim para a sociedade como um todo. Eu, como vice-presidente, fico sem conhecer, sem saber o que está sendo discutido. Isso não é bom, não faz bem. Eventualmente, eu tenho que substituir o presidente e, se não sei o que está acontecendo, como vou substituir?", questionou.

Ele também afirmou que mantém um bom relacionamento com o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), filho mais velho do presidente, mas disse que tem uma visão de mundo diferente da de Bolsonaro. "Isso é uma realidade", completou.

Relação com Bolsonaro

Apesar de cada vez mais desprestigiado pelo presidente Jair Bolsonaro, Mourão disse que se sente sim responsável pelas decisões tomadas pelo governo federal.

"Lógico que faço parte. Sou responsável por tudo de bom ou ruim. Não me eximo das responsabilidades. Na história da Republica, o vice-presidente é uma figura que enfrenta turbulências. É uma realidade que temos que saber nos adaptar. Obviamente que as decisões tomadas no governo, são minhas também", afirmou Mourão.

O vice-presidente elogiou o chefe do Executivo e chegou a afirmar que Bolsonaro é a figura mais criticada da história do Brasil. Mourão defendeu as explosões do atual presidente em momentos com a imprensa e algumas declarações vistas como polêmicas.

"O presidente Bolsonaro é o homem mais criticado da história do Brasil. Ele passou a receber crítica desde o dia menos um. Às vezes, o camarada se irrita. Tem dias que a pessoa se irrita. O presidente tem os ideais dele", disse.

Mourão também afirmou que sabe que existe uma certa desconfiança por parte de Bolsonaro e seu entorno. Chegou a afirmar que presidente "precisa entender" que ele não quer assumiu seu cargo.

"Fui eleito vice-presidente e vejo como minha responsabilidade chegar no dia 31 de janeiro com ele [Bolsonaro]", disse Mourão.

Erros de Pazuello

Hamilton Mourão também comentou o trabalho do ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, que assumiu a pasta ainda como general da ativa do Exército. Para Mourão, Pazuello deveria ter pedido sua ida para a reserva antes de assumir o cargo.

"No caso do Pazuello, que já me ajudou muito, ele deveria ter compreendido que ele estava numa função politica e que era hora dele passar para a reserva. Teria até mais manobra para trabalhar", ponderou Mourão.

"O Pazuello não é o Exército, nem o Exército é o Pazuello, apesar dele ser um militar. É diferente se o presidente dissesse que o Exército ia assumir o Ministério da Saúde", afirmou o vice-presidente, eximindo as forças armadas da responsabilidade na gestão da pandemia.

Planos para 2022

O vice-presidente da República afirmou que tem consciência que não deve fazer parte novamente da chapa presidencial de Bolsonaro em 2022. Mourão brincou dizendo que "hoje estou em cima do muro, tô de PSDB", mas revelou pensar em concorrer eventualmente a um cargo no Senado Federal próximo ano.

"Se eu fosse me candidatar, seria ao Senado. O Rio Grande do Sul surge como o estado, é meu estado natal. Não me vejo na Câmara. Acho que nenhum vice-presidente foi para a Câmara", finalizou Mourão.