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Após saída de Salles, Bolsonaro diz que passou o dia 'apagando incêndio'

"Ele pediu para sair", disse Bolsonaro sobre a demissão de Ricardo Salles - VALTER CAMPANATO/AGêNCIA BRASIL
"Ele pediu para sair", disse Bolsonaro sobre a demissão de Ricardo Salles Imagem: VALTER CAMPANATO/AGêNCIA BRASIL

Do UOL, em São Paulo

23/06/2021 19h59

Após pedido de demissão feito pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse que passou o dia "apagando incêndio", ao ser questionado por um apoiador, em frente ao Palácio da Alvorada, em Brasília, na noite de hoje.

"Como foi o seu dia, hoje?", perguntou o apoiador. "Nem sei", disse o presidente, rindo, em uma primeira resposta. Depois, ele pensa e afirma. "Às vezes, apagando incêndio".

Questionado sobre a saída de Salles, Bolsonaro foi rápido e evitou entrar em maiores detalhes.

Pediu para sair, então ele que tem de dizer
Jair Bolsonaro

O pedido de exoneração de Salles foi publicado no Diário Oficial da União. Joaquim Álvaro Pereira Leite, que era da Secretaria da Amazônia e Serviços Ambientais, assume a pasta. Em entrevista coletiva no Palácio do Planalto, Salles disse que deixa o cargo da "forma mais serena possível".

Autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), investigação da PF (Polícia Federal) apura se Salles atuou para afrouxar o controle do Ibama sobre a exportação de madeira. Segundo as investigações, ele reuniu-se em março do ano passado com um grupo de madeireiros no Pará que vinham tendo cargas de madeira retidas em portos no exterior por falta da autorização do Ibama.

A Operação Akuanduba executou buscas e apreensões nos endereços de Salles e de outros 21 investigados, entre servidores do ministério, dirigentes do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e empresários do ramo madeireiro.

Salles também é alvo de outro inquérito, autorizado pela ministra Cármen Lúcia no início deste mês. Trata-se da Operação Handroanthus, também da PF, que apura a suposta prática de crimes com o objetivo de dificultar a fiscalização ambiental e impedir investigação que envolva organização criminosa, além de suposto crime de advocacia administrativa. Salles nega irregularidades nos dois casos.

Ontem, durante evento de lançamento do Plano Safra 2021/2022, que prevê crédito ao agronegócio, Bolsonaro já havia elogiado a atuação de Salles no Ministério do Meio Ambiente e voltou a criticar o Judiciário.

"Parabéns. Não é fácil ocupar o seu ministério", disse Bolsonaro, olhando para Salles. "Por vezes a herança fica apenas uma penca de processos. A gente lamenta como, por vezes, somos tratados, por alguns poucos, desse outro Poder, que é muito importante para todos nós", completou, sem citar o STF.