Ex-diretor do Inpe: 'Salles será lembrado como antiministro do Ambiente'
O ex-diretor do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), Ricardo Galvão, disse hoje, durante o UOL News, que o ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles será lembrado como "como o anti-ministro do Meio Ambiente". Alvo de investigações, Salles pediu demissão da pasta ontem e Joaquim Álvaro Pereira Leite, que era da Secretaria da Amazônia e Serviços Ambientais, irá assumir o cargo.
Ele [Salles] sempre será lembrado como o antiministro do Meio Ambiente. Ele foi colocado nesta posição não para coibir o desmatamento da amazônia e dos nossos outros biomas, mas para retroagir em todas as ações que tinha o Brasil na questão ambiental. Ele vai ser lembrado como aquele que foi colocado para destruir a política ambiental brasileira, que era tão respeitada internacionalmente"
Ricardo Galvão em entrevista ao UOL News
Para o ex-diretor do Inpe, que foi exonerado após defender a credibilidade do monitoramento e a produção de dados pelo Instituto sobre as queimadas no Brasil, o dia de ontem foi de comemoração pela saída de Salles do cargo.
"Ontem foi um dia de grande comemoração para os curumins e todas as florestas brasileiras. O morgado dos demônios da destruição foi derrotado", afirmou.
Apesar da saída de Salles, Galvão destacou a chegada do novo ministro, que atuou em entidade ruralista por 23 anos, não traz uma perspectiva "tão boa assim".
"A sociedade rural brasileira sempre apoiou o ministro Ricardo Salles, inclusive naquela questão da passagem da boiada foi a sociedade rural brasileira [que o] aplaudiu. Então a perspectiva não é tão boa assim, porque quem dita essas questões com relação ao meio ambiente é o presidente Jair Bolsonaro e desde antes da eleição ele [Bolsonaro] sempre se opôs a essa questão de monitoramento do meio ambiente, atacou fiscais do Ibama e nunca apresentou uma política de preservação do meio ambiente."
Galvão declarou ainda que Salles criticou o trabalho do Inpe desde a posse "porque sabia que o Inpe, respeitado internacionalmente, seria uma pedra no sapato nas intenções do governo".
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