Mourão minimiza os riscos do caso Covaxin para Bolsonaro
O vice-presidente Hamilton Mourão minimizou os riscos do suposto esquema de corrupção na compra da vacina indiana Covaxin, após os depoimentos do deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) e de seu irmão, o servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda, à CPI da Covid no Senado.
"Vamos aguardar, mas uma coisa eu posso dizer: não dá para comprar um carro usado desse Luis Miranda, embora a denúncia não saia do convento", afirmou Mourão ao Jornal O Globo. "Não estou convencido de que esse episódio todo vá prejudicar o presidente".
O vice-presidente também defendeu o ex-ministro da Saúde, o general Eduardo Pazuello, que, segundo Mourão, não estaria envolvido em qualquer ilícito. "Podem dizer o que quiserem do Pazuello, mas desonesto ele não é. Isso eu posso garantir", disse Mourão.
Durante a CPI, Luis Miranda disse que o presidente Jair Bolsonaro ouviu a denúncia durante uma conversa no Palácio do Alvorada e atribuiu a responsabilidade do esquema ao atual líder do governo na Câmara, o deputado Ricardo Barros (PP-PR).
"O presidente entendeu a gravidade. Olhando os meus olhos, ele falou: 'Isso é grave!'. Não me recordo do nome do parlamentar, mas ele até citou um nome para mim, dizendo: 'Isso é coisa de fulano'. Não me recordo. E falou: 'Vou acionar o DG da Polícia Federal, porque, de fato, Luis, isso é muito grave, isso que está ocorrendo'.", disse Miranda.
O deputado só revelou a suposta menção de Bolsonaro a Ricardo Barros, após pressão dos dos senadores na CPI.
Após o depoimento sobre o esquema, surgiu a leitura de que Bolsonaro pode ter cometido prevaricação ou advocacia pública.
"Se ele recebe uma informação que ele não transmite adiante envolvendo corrupção, ele pode incidir em um crime não só de responsabilidade, mas em um crime comum, de prevaricação, eventualmente até advocacia pública, advocacia administrativa", afirmou ao UOL Wallace Corbo, professor de Direito da FGV (Fundação Getúlio Vargas) do Rio de Janeiro.
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