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Vice-presidente da Câmara critica ataques de Bolsonaro à CPI da Covid

Ramos cobrou posicionamento de Bolsonaro sobre elo suspeito de Ricardo Barros com compra da Covaxin - Pablo Valadares/Câmara dos Deputados
Ramos cobrou posicionamento de Bolsonaro sobre elo suspeito de Ricardo Barros com compra da Covaxin Imagem: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

Do UOL, em São Paulo

28/06/2021 15h40Atualizada em 28/06/2021 16h11

O vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM), criticou hoje o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) por ataques contra a CPI da Covid, que se debruça em uma investigação sobre irregularidades na compra da vacina contra a covid-19 Covaxin.

"Por que o presidente, ao invés de atacar membros da CPI, simplesmente não negou que tenha dito que o seu líder [na Câmara, Ricardo Barros, PP-PR], era o responsável por operações suspeitas na compra da vacina Covaxin?", cobrou o deputado federal em um tuíte.

"Na verdade, por que ele não negou isso até agora?", prosseguiu, concluindo dizendo que Ricardo Barros deveria cobrar um posicionamento do presidente.

Na última sexta-feira (25), em depoimento à CPI, o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) disse que Bolsonaro citou o nome de Ricardo Barros, que nega irregularidades, ao ouvir uma denúncia sobre uma pressão atípica para a importação da Covaxin.

No último sábado (26), durante "motociata" em Chapecó (SC), Bolsonaro disse que a CPI é formada por "sete pilantras" que querem investigar o governo federal, mas não os governos estaduais. "Só uma coisa me tira de Brasília: é o nosso Deus", afirmou.

Luis Miranda foi à CPI ao lado do irmão Luis Ricardo Miranda, servidor da área de importação do Ministério da Saúde, que revelou a pressão atípica e com indícios de irregularidades pela compra da Covaxin.

O contato entre Bolsonaro e os Miranda teria ocorrido em 20 de março deste ano, quase um mês depois da assinatura do contrato de aquisição de 20 milhões de doses da Covaxin, ao custo final de R$ 1,6 bilhão.

O acordo do governo federal para a compra da Covaxin com a Precisa Medicamentos, intermediadora do negócio com a Bharat Biotech, é investigado pelo MPF (Ministério Público Federal), que identificou indícios de crime no contrato e suspeita de superfaturamento e corrupção.

Hoje, em conversa com apoiadores, ao falar sobre o caso da vacina de origem indiana, o presidente disse que não tem como saber tudo que acontece nos ministérios. "Nem sabia como estava questão da tratativa da Covaxin", afirmou. Bolsonaro não citou o nome de Ricardo Barros.

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.