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Dono da Precisa rebate irmãos Miranda e cita "mentiras e devaneios"

25.jun.2021 - Chefe de importação do Ministério da Saúde, Luis Ricardo Miranda, e o deputado Luis Miranda (DEM-DF), durante depoimento à CPI da Covid - Edilson Rodrigues/Agência Senado
25.jun.2021 - Chefe de importação do Ministério da Saúde, Luis Ricardo Miranda, e o deputado Luis Miranda (DEM-DF), durante depoimento à CPI da Covid Imagem: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Do UOL, em São Paulo

01/07/2021 21h10

Em vídeo endereçado a senadores, o empresário Francisco Maximiano, dono da Precisa Medicamentos, rebateu pontos ditos por Luis Ricardo Miranda, chefe da divisão de importação do Ministério da Saúde, e o seu irmão, deputado federal Luis Miranda (DEM-DF), durante depoimento à CPI da Covid.

A Precisa é a intermediária das negociações para compra da vacina Covaxin, desenvolvida pelo laboratório indiano Bharat Biotech. Na sexta-feira (25), à CPI, os irmãos Miranda denunciaram suspeitas de irregularidades envolvendo esse contrato.

"Os senhores vão ver que a mentira foi dita em rede nacional para todos os brasileiros. Seja pela perícia no Dropbox, emails e metadados do arquivo, seja pela cronologia das mensagens trocadas entre os irmãos Miranda e as enviadas aos ajudantes de ordem do presidente da República, está claro. Escolham a palavra: mentira, invenção, ficção, devaneios desses senhores que vieram a depor nessa CPI", acusou Maximiano.

Além da Precisa, Francisco Maximiano também é presidente da Global Saúde, empresa que já foi alvo de ação por irregularidades em contrato com o Ministério da Saúde. A denúncia foi apresentada pelo MPDFT (Ministério Público do Distrito Federal e Territórios) na época em que Ricardo Barros (PP-PR), hoje líder do governo na Câmara, era ministro. Na ocasião, a pasta pagou R$ 20 milhões para comprar remédios de alto custo a pacientes com doenças raras, mas os produtos nunca foram entregues.

Caso Covaxin

A assinatura do contrato para compra de 20 milhões de doses da Covaxin foi anunciada pelo Ministério da Saúde em 25 de fevereiro, no valor de pouco mais de R$ 1,6 bilhão — ou R$ 80 por dose. Na ocasião, a pasta informou que o primeiro lote com as doses chegaria ainda em março, o que nunca aconteceu.

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) só aprovou a importação da vacina, com restrições, no início de junho.

Na semana passada, Luis Miranda revelou ter se encontrado com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em 20 de março para denunciar supostas irregularidades na negociação, intermediada pela Precisa Medicamentos. O deputado também disse ter contado a Bolsonaro que seu irmão Luis Ricardo, do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, estaria sofrendo pressões para aprovar a importação da Covaxin.

O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Onyx Lorenzoni, rebateu as declarações de Miranda, classificadas como "mentirosas" e construídas para "atingir a imagem do presidente Jair Bolsonaro". Ele também anunciou que Bolsonaro pediu à Polícia Federal que investigue o deputado por suposta denunciação caluniosa.

O caso motivou os senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Fabiano Contarato (Rede-ES) e Jorge Kajuru (Podemos-GO) a apresentarem uma notícia-crime contra Bolsonaro no STF por prevaricação, crime cometido por funcionário público ao retardar ou deixar de praticar um ato de ofício — neste caso, a compra de vacinas contra a covid-19 — para satisfazer um interesse pessoal.

Valor superfaturado

Documentos do Ministério das Relações Exteriores mostram que o governo comprou a vacina por um preço 1.000% maior do que, seis meses antes, era anunciado pela própria fabricante.

O Brasil aceitou pagar o valor de US$ 15 a dose pela vacina indiana Covaxin, bem acima do valor das demais vacinas contra a covid-19 adquiridas pelo país, segundo apuração do UOL. As vacinas da Jansen e parte das vacinas da Pfizer, por exemplo, custaram US$ 10 a dose. Já a Coronavac, vendida pelo Instituto Butantan, custou menos de US$ 6 a dose.