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TV: Davati tentou reunião com Bolsonaro para levar proposta sobre vacinas

O celular de Dominguetti foi apreendido pela CPI da Covid no Senado - Rafaela Felicciano/Metrópoles
O celular de Dominguetti foi apreendido pela CPI da Covid no Senado Imagem: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Do UOL, em São Paulo

08/07/2021 09h39Atualizada em 08/07/2021 10h38

Áudios trocados entre o cabo da Polícia Militar de Minas Gerais Luiz Paulo Dominghetti e Cristiano Alberto Carvalho, representante da empresa Davati Medical Supply no Brasil, mostram que eles tinham expectativa de se reunir com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para levar a proposta de venda de 400 milhões de doses de vacina contra covid-19 da AstraZeneca e que o intermediário do encontro era o reverendo Amilton Gomes de Paula, da entidade Senah (Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários). As informações são da TV Globo.

Segundo a emissora, o diálogo entre os dois aconteceu no dia 13 de março deste ano. O celular de Dominghetti foi apreendido pela CPI da Covid no Senado.

"Dominghetti, agora nós precisamos aí...O reverendo tá falando que tá marcando um café da manhã com o presidente amanhã às 10h, 9h, sei lá eu, que vai ter um café com os líderes religiosos. A gente vai entrar no vácuo, tá? Agora tem que fazer ele confirmar isso aí pra gente colocar uma pulguinha atrás da orelha do... Do presidente, tá?", diz Cristiano.

"Cristiano, o que eles me falaram, eu nem sabia que ia ter agenda com o Bolsonaro, você que me falou, o que eles me falaram é assim, que estão atuando fortemente lá, que agora depende do presidente, ele não marca agenda, ele fala assim 'vem aqui agora', né? Então, assim, de uma forma mais urgente. Agora, para falar com ele em agenda, eles conseguem marcar segunda, terça, quarta, porque aí entra na agenda oficial. O que eles estão tentando é que o presidente te receba de forma extraoficial, entendeu, devido à urgência. É o que eles estão tentando. Agora agenda oficial eles conseguem marcar, o que estão tentando é uma agenda extraoficial", responde Dominghetti.

À TV Globo, o reverendo admitiu que Cristiano Carvalho queria que ele intermediasse uma reunião com o presidente, mas ele negou que tenha participado de encontro com o mandatário. "Bom, primeiro a reunião não aconteceu. Não teve nenhuma reunião com o presidente", disse.

O repórter da emissora responde que há registro dessa reunião e que líderes evangélicos gravaram vídeos ao lado do presidente. "Estou falando eu...Com o presidente Bolsonaro. Era uma reunião, sim, de líderes religiosos na data que o Cristiano estava aqui. Nessa data é uma data que não é possível atender o Cristiano. Ele queria conversar com o presidente Bolsonaro. Eu falei que haveria de conversar com o presidente mediante essa reunião. Eu não estive nessa reunião. Eu não fui na reunião", disse ele. O UOL procurou o reverendo sobre o tema, por meio da Senah, e aguarda retorno.

A convocação de Amilton à CPI foi aprovada na manhã de ontem.

A reportagem procurou o Palácio do Planalto e Cristiano Carvalho, por meio da Davati, e aguarda retorno. O UOL também tenta localizar a defesa de Dominghetti. O espaço está aberto para manifestação.

Diretor que teria autorizado reverendo é exonerado

O Governo Federal exonerou Lauricio Monteiro Cruz do cargo de diretor do departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde. A informação foi publicada no DOU (Diário Oficial da União) de hoje.

Reportagem do Jornal Nacional, da TV Globo, mostrou que Lauricio Monteiro Cruz deu aval para que o reverendo Amilton negociasse a compra de 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca em nome do governo brasileiro com a Davati.

A referência a Lauricio também ocorreu em depoimento à CPI de Dominghetti. Segundo Dominghetti, ele esteve com três servidores da pasta durante as negociações: o então secretário-executivo, Elcio Franco; o diretor de Logística, Roberto Ferreira Dias; e o "seu Lauricio". Dias e Elcio Franco também já foram exonerados.

Dominghetti acusou Roberto Dias de pedir propina de US$ 1 por dose em uma suposta negociação para a aquisição de 400 milhões de unidades da vacina Oxford/AstraZeneca. Em depoimento à CPI, Roberto Dias negou que tenha pedido propina.

Dias disse ontem que recebeu o reverendo em uma agenda oficial para tratar sobre uma oferta para compra de vacinas. O ex-diretor, porém, não disse quem fez o pedido da agenda e nem especificou quantas doses de imunizante contra covid-19 foram ofertadas pelo reverendo.

Ele ainda não esclareceu se a oferta era de 400 milhões de vacinas da AstraZeneca, assim como a apresentada por Dominghetti.