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Após ida ao STF, Bolsonaro reza Pai Nosso e diz ser 'paz e amor'

Do UOL, em São Paulo

12/07/2021 17h06Atualizada em 12/07/2021 20h28

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) interrompeu hoje uma entrevista para rezar o Pai Nosso e, ao final, disse ser "paz e amor", apesar de admitir que tem um "problema" com o ministro Luís Roberto Barroso, presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Sem citá-lo nominalmente, Bolsonaro afirmou que Barroso faz "ativismo legislativo" ao ser contra a adoção de um comprovante de votação impresso nas eleições.

Ele também negou que se arrependa dos recentes ataques feitos ao presidente do TSE, a quem acusou falsamente de "defender a pedofilia" e a "redução da maioridade para estupro de vulneráveis". Barroso nunca disse nada semelhante — e, em 2017, ainda fez exatamente o oposto, votando a favor da continuidade de uma ação penal contra um jovem de 18 anos que manteve relações com uma menina de 13.

"Para de falar em 'se arrepende'! O que está feito está feito, eu não vim aqui para brigar com ninguém. Acabei de falar. Vai acabar entrevista! Vamos rezar o 'Pai Nosso' aqui?", disse Bolsonaro em entrevista a jornalistas, após reunião com o ministro Luiz Fux, presidente do STF (Supremo Tribunal Federal).

Quem está atacando quem? Você está equivocado. Estou tendo problema com um ministro [Barroso]. Ele está tendo um ativismo legislativo que não é concebível na questão do voto impresso. Eu acredito que nós, ao apresentarmos e lutarmos por mais uma maneira de tornar as eleições transparentes, [isso] deveria ser digno de aplauso por parte dele. (...) Não conseguimos entender a posição dele no tocante a isso.
Jair Bolsonaro, em entrevista a jornalistas

Reunião com Fux

Luiz Fux - Nelson Jr./SCO/STF - Nelson Jr./SCO/STF
Imagem: Nelson Jr./SCO/STF

Bolsonaro se encontrou com Fux por volta das 17h, no STF, a convite do ministro. Após a reunião, que durou cerca de 20 minutos, Fux disse a jornalistas que debateu com o presidente a importância do respeito às instituições e aos limites impostos pela Constituição — o que, segundo o ministro, Bolsonaro entendeu.

"Ao final, nós combinamos uma reunião entre os três Poderes para fixarmos balizas sólidas para a democracia brasileira, tendo em vista a estabilidade do nosso regime político. Foi isso que nós fizemos, é isso que compete as minhas atribuições: chamar o presidente e dialogar com ele. A postura de um presidente tem que ser discreta e dialógica, e foi isso que eu fiz", afirmou.

O encontro aconteceu em meio a uma intensificação dos ataques de Bolsonaro a ministros do STF — em especial, Barroso.

As falsas acusações, as críticas ao Judiciário e os questionamentos sobre a lisura do processo eleitoral no Brasil geraram uma reação por parte de outros ministros do STF. Gilmar Mendes, por exemplo, saiu em defesa do presidente do TSE, e reforçou que disseminar notícias falsas é danoso à democracia.

"Disseminar notícias falsas é corrosivo para a democracia e configura crime. Não existe juiz da Corte Constitucional brasileira favorável à pedofilia, à tortura ou a qualquer forma de violência. A mentira jamais vai conseguir impedir a defesa da Constituição", escreveu o ministro em uma rede social.