Kennedy Alencar: Bolsonaro acusa os outros dos crimes que comete
Em participação no UOL News, o colunista Kennedy Alencar repercutiu o cancelamento pelo presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Luiz Fux, de uma reunião entre os chefes dos três Poderes, anunciada em julho. O anúncio foi feito hoje em reação aos ataques do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) à Corte e ao sistema eleitoral brasileiro.
"Faz muito bem [cancelar a reunião] porque o diálogo pressupõe respeito em quem se senta à mesa para dialogar", avaliou Alencar. "Bolsonaro acusa o Alexandre de Moraes, o Barroso, enfim, acusa os outros dos crimes que comete. É ele que atenta contra a democracia, quem difama, quem espalha fake news, quem mente, quem tem o comportamento ditatorial", completou.
Para o colunista, Bolsonaro conseguiu a "façanha" de unir o STF contra ele. "Vemos um Supremo que vota quase sempre desunido e, hoje, está 10 x 1. Apenas o ministro Nunes Marques passa o papelão de defender a legitimidade do debate sobre o voto impresso, que, no fundo, é um questionamento do voto eletrônico."
'Reação tardia'
Na justificava do cancelamento da reunião, o presidente do STF, Luiz Fux, citou ofensas e mentiras proferidas de forma reiterada pelo presidente da República contra integrantes da Corte, "em especial os ministros Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes". "Quando se atinge um dos integrantes, se atinge a Corte por inteira", afirmou o ministro.
Apesar de bem-vinda, a reação de Fux foi classificada por "tardia" por Kennedy Alencar. "Mas antes tarde do que nunca. É uma reação importante porque agora é institucional do Supremo também. E lembra a reação do TSE nesta semana", disse o colunista, citando o inquérito administrativo aberto a pedido do presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso, e a inclusão de Jair Bolsonaro no inquérito das fake news no STF.
Em reação por virar réu na investigação do Supremo, Bolsonaro ameaçou o ministro da Corte Alexandre de Moraes, responsável pelo caso, afirmando que "a hora de Moraes vai chegar".
"É muito grave ele dizer que está chegando a hora do Alexandre de Moraes. Isso é linguajar miliciano. Também é grave ele dizer que o Supremo joga fora das 4 linhas da Constituição e, por isso, que ele pode jogar também. Não pode. Numa democracia, quem tem a última palavra, inclusive para errar, é o Supremo Tribunal Federal."
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