Defesa diz que desfile militar mostrou 'parte dos meios operativos' ao povo
Após as críticas, o Ministério da Defesa disse que o desfile de tanques de hoje, em Brasília, tinha o objetivo de "apresentar à sociedade parte dos meios operativos da Força de Fuzileiros da Esquadra", segundo trecho de manifestação publicada nas redes sociais.
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) acompanhou a passagens dos tanques pelo Palácio do Planalto, ao lado de chefes militares. As imagens foram exibidas em uma live transmitida pelo Facebook do atual mandatário e durou menos de 9 minutos.
"#ForçasArmadas Bandeira do Brasil| 14 viaturas que participarão da #OperaçãoFormosa estão em exposição durante esta terça-feira (10), em frente ao prédio da @marmilbr, na Esplanada dos Ministérios. A ação busca apresentar à sociedade parte dos meios operativos da Força de Fuzileiros da Esquadra", escreveu o Ministério, na tarde hoje, no Twitter.
A pasta da Defesa é comandada pelo general da reserva Walter Braga Netto, um dos mais influentes e fiéis ministros do presidente Bolsonaro. Braga Netto se envolveu em uma polêmica no último mês por suspeitas de ameaçar o Congresso e condicionado a realização das eleições de 2022 à aprovação do voto impresso auditável, proposta defendida pelo presidente.
Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, o ministro transmitiu a mensagem ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), por meio de um interlocutor, que não teve o nome revelado. Braga Netto disse à época que a notícia era "invenção e mentira" e negou as acusações.
O ministro da Defesa não se comunica com os presidentes dos Poderes por meio de interlocutores. Trata-se de mais uma desinformação que gera instabilidade entre os Poderes da República em um momento que exige a união nacional.
Walter Braga Netto, ministro da Defesa
Desfile
O evento inédito gerou protestos, principalmente da oposição, já que ocorreu no mesmo dia em que a Câmara pautou a votação da proposta de emenda à Constituição que institui o voto impresso. Na internet, o desfile também virou memes entre os internautas.
Ontem, Bolsonaro usou as redes sociais para convidar autoridades para o desfile. Nenhuma compareceu. Entre eles estavam o presidente do STF, ministro Luiz Fux, o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ministro Luís Roberto Barroso, e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
Mesmo que não nominalmente, o chefe do Executivo estendeu o convite aos presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), do TCU (Tribunal de Contas da União), ministra Ana Arraes, do STJ, ministro Humberto Martins, e do TST (Tribunal Superior do Trabalho), ministra Maria Cristina Peduzzi. Também convidou deputados e senadores, dizendo que se "honraria" com a presença de cada um deles.
Em vez deles, estavam ao lado do chefe do Executivo, na porta do Palácio, o ministro da Defesa, Walter Braga Netto, e os chefes militares da Aeronáutica (Carlos de Almeida Baptista Júnior), Exército (Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira) e Marinha (Almir Garnier Santos). O presidente acenou durante a passagem do comboio, enquanto seguidores gritavam ao fundo.
Enquanto durou o desfile, nem o presidente, nem os comandantes militares usavam máscara. O Brasil já ultrapassou mais de 564 mil mortes em decorrência da pandemia do novo coronavírus.
*Com informações de Fábio Castanho, Wanderley Preite Sobrinho e Lucas Valença, do UOL, em São Paulo e em Brasília
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