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'Não perdi a esperança de ter voto impresso em 2024', diz deputado do PSL

Do UOL, em São Paulo*

11/08/2021 12h18Atualizada em 11/08/2021 14h02

O deputado federal Coronel Tadeu (PSL-SP) disse, em entrevista ao UOL News, acreditar que o voto impresso será instituído para as eleições de 2024. Ontem, a PEC do voto impresso (Proposta de Emenda à Constituição 135/19) foi rejeitada em votação no plenário da Câmara. Coronel Tadeu votou a favor da medida — uma das bandeiras do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

A PEC teve 218 votos contra, 229 votos a favor e uma abstenção. Para que a tramitação avançasse, eram necessários votos favoráveis de 308 dos 513 congressistas. Veja como cada um votou.

"Eu costumo olhar pelo aspecto positivo. Foi uma vitória, em número de votos literalmente, mas por levar a baile um assunto tão importante que tem gerado tanta polêmica. Mas a luta continua. Eu mesmo não perdi a esperança de ter voto impresso para 2024. Para 2022 está sacramentado. Nós vamos ficar com o esquema sacramentado de urnas, mas como parlamentar eu tenho obrigação de continuar essa pauta. Eu defendo essa pauta."

Questionado pela apresentadora Fabíola Cidral, o parlamentar reforçou que a luta para a instalação da medida "continua" e afirmou que deve protocolar na próxima semana um referendo para que a população vote a favor ou não do tema. Segundo o Coronel Tadeu, muitos deputados ficaram "intimidados" na votação de ontem e foram contra a medida.

"A minha proposta, que eu devo protocolar na semana que vem, é um referendo para que a população diga exatamente o que ela quer. Porque muitos deputados ficaram intimidados por certas questões, sem ouvir a voz das ruas. Para 2022, está [encerrado o tema]. A próxima legislatura está habilitada para trazer esse tema novamente à baila e, aí sim, implantarmos para 2024, de repente para 2026."

A fala do deputado vai ao encontro do discurso usado pelo presidente de que os deputados teriam sido chantageados a votar contra o voto impresso. Bolsonaro disse hoje que a rejeição à proposta da PEC foi reflexo de chantagem e medo de deputados sofrerem retaliações. Com a derrota da proposta, Bolsonaro reforçou seu discurso de questionamento à lisura das eleições, sem apresentar qualquer indício ou prova, e voltou a acusar o ministro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Luís Roberto Barroso, de agir no Congresso para barrar o tema.

Sobre a fala de Bolsonaro aos apoiadores, na manhã de hoje, o político disse acreditar que o presidente já reconheceu a derrota na votação da PEC. O presidente já deu indícios do interesse de se candidatar à reeleição no próximo ano.

"Ele mesmo [Bolsonaro] está conformado com essa questão para 2022. Será impossível nós termos a possibilidade de auditar o voto. Não há o que fazer. Nós vamos ter que enfrentar um processo eleitoral com as urnas eletrônicas, mas sem a possibilidade do voto impresso e, principalmente, da autoria dessa quantidade de votos", afirmou.

Apesar da fala do deputado, nunca houve fraude comprovada nas eleições brasileiras desde a adoção da urna eletrônica. O TSE já explicou que as urnas eleitorais são auditáveis. Segundo o órgão, ao final da votação, o equipamento de votação emite um BU (Boletim de Urna), com informações detalhadas de todos os votos digitados no aparelho. O documento é disponibilizado na porta da seção eleitoral para que os eleitores possam conferir e "comparar o BU apurado de forma eletrônica e divulgado no site do TSE".

Urnas são seguras

Desde a adoção das urnas eletrônicas no Brasil, em 1996, nunca houve comprovação de fraude nas eleições. Essa constatação foi feita não apenas por auditorias realizadas pelo TSE, mas também por investigações do MPE (Ministério Público Eleitoral) e por estudos independentes.

Além disso, as urnas eletrônicas são auditáveis e este procedimento é feito durante a votação. O processo é chamado Auditoria de Funcionamento das Urnas Eletrônicas (ou "votação paralela"). Na véspera da votação, juízes eleitorais de cada TRE (Tribunal Regional Eleitoral) fazem sorteios de urnas já instaladas nos locais de votação para serem retiradas e participarem da auditoria.

Pelo menos desde março do ano passado, Bolsonaro tem afirmado possuir provas, embora não apresente, de fraude nas eleições de 2014 e de 2018. Sobre a primeira, ele afirma que o deputado Aécio Neves (PSDB-MG) teve mais votos que Dilma Rousseff (PT), eleita naquele ano. A respeito de 2018, ele afirma que uma fraude o impediu de ter derrotado o candidato do PT, Fernando Haddad, ainda no primeiro turno.

No dia 21 de junho, o TSE deu prazo de 15 dias para que o presidente forneça provas das alegações sobre a segurança das urnas eletrônicas. Em resposta ao órgão, em 4 de agosto, o presidente não apresentou provas de fraudes dos equipamentos.

Aécio já rebateu as suspeitas levantada por Bolsonaro e afirmou não acreditar que tenha havido fraude nas urnas eletrônicas no pleito daquele ano — seu candidato a vice à época também disse que as eleições foram limpas e que o PSDB perdeu por falta de votos.

*Com informações da Ansa, Rafael Neves e Stella Borges, do UOL, em Brasília e em São Paulo