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Aziz sobre impeachment de ministros do STF: 'Pauta não interessa ao Brasil'

Presidente da CPI da Covid diz que Bolsonaro cria "factoides" enquanto o país vive um momento "difícil" - Edilson Rodrigues/Agência Senado
Presidente da CPI da Covid diz que Bolsonaro cria "factoides" enquanto o país vive um momento "difícil" Imagem: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Do UOL, em São Paulo

16/08/2021 14h16

O senador Omar Aziz (PSD-AM), presidente da CPI da Covid, disse hoje que o pedido de impeachment de ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) deve apresentar ao Senado não é uma pauta que interesse ao país e aos brasileiros.

Em entrevista ao portal Yahoo!, Aziz disse que Bolsonaro cria "factoides" enquanto o país vive um momento "difícil", citando as altas taxas de desemprego, problemas na saúde, na segurança pública, e educação.

"Ele quer uma manifestação dia 7 de setembro para quê? Qual a razão? É para falar ainda sobre voto impresso? Esse final de semana também ele disse que vai ao Senado levar e pedir impeachment dos dois ministros [do STF]. Essa pauta não interessa ao Brasil e aos brasileiros. O que interessa é se a gente consegue conter a covid-19 e vacinar as pessoas. Interessa aos brasileiros que a inflação não corroa o salário (...) Essas são pautas que o presidente deveria estar debatendo", disse o parlamentar.

Aziz disse ainda que o mandatário foge do debate político com conteúdo. "Ele só pensa na eleição, ele está fissurado na questão da eleição. Todas as pautas dele não são pauta de positividade para o Brasil, mas são pautas de cunho político-partidário e eleitoral."

No sábado, Bolsonaro disse que levará ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), um pedido para que instaure um processo contra os ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, do STF. Para o presidente, ambos "extrapolam com atos os limites constitucionais".

Segundo um dos filhos do presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), o pedido será por um processo de impeachment contra os dois ministros.

A manifestação ocorreu um dia depois de Moraes determinar prisão do presidente nacional do PTB e aliado político de Bolsonaro, Roberto Jefferson, após pedido da PF (Polícia Federal) no inquérito que investiga milícias digitais. O presidente não citou nominalmente o ex-deputado, mas falou em "prisões arbitrárias".

Já Barroso tem sido alvo constante de ataques do chefe do Executivo por causa de sua defesa, no papel de presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), do atual sistema de voto eletrônico. Bolsonaro tem pressionado pela implementação do voto impresso em meio a alegações infundadas de fraudes em eleições passadas.

Na semana passada, a Câmara rejeitou proposta que pretendia incluir um módulo de voto impresso ao lado das urnas eletrônicas a partir das eleições de 2022.

Andamento da CPI

Aziz afirmou ainda que espera que os trabalhos da comissão sejam encerrados até o mês de outubro. Ele disse que não haverá um relatório preliminar, apenas o final, que será produzido por Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI.

Ele narrou que os senadores que integram a comissão sofrem ameaças de morte, mas que não se deixarão intimidar por isso.

"É só ver a internet: ameaças de morte, ameaça disso, ameaça daquilo, desconstrução, tentando desconstruir os membros da CPI de manhã, de tarde e de noite (...) Isso não nos intimidou e nem vai nos intimidar. Acho que estamos chegando ao final da investigação, precisamos fazer o relatório o mais rápido possível e entregar para as autoridades competentes para que tomem as providências necessárias. O que o Brasil ficou sabendo, o que vocês da imprensa ficaram sabendo, foi muitas dessas coisas através da CPI. A CPI prestou e está prestando um grande trabalho à nação brasileira", avaliou.

Segundo Aziz, o auditor do TCU (Tribunal de Contas da União) Alexandre Marques e Francisco Maximiano, presidente da Precisa Medicamentos, que serão ouvidos nesta semana, devem dar uma grande contribuição à comissão.