Bolsonaro critica STF por prisões de Jefferson e de Daniel Silveira
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) criticou hoje as prisões do ex-deputado Roberto Jefferson, presidente nacional do PTB, e do deputado Daniel Silveira (PSL-RJ), dizendo que não se pode "aceitar passivamente isso".
Ambos tiveram suas prisões determinadas pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, contra quem Bolsonaro apresentou um pedido de impeachment na última sexta-feira (20).
Sem citá-los nominalmente, o mandatário referiu-se a Jefferson, Silveira e ao blogueiro Oswaldo Eustáquio, também detido por ordem de Moraes, ao criticar decisões que, segundo ele, colocariam em risco a liberdade de expressão.
"Críticas todos nós sofremos (...) E daí, você vai fazer o que, vai prender o cara? Se você achar que a crítica está exagerada você entra na Justiça. Agora, você mandar prender, primeiro que você não tem poder para isso, mas um ministro do Supremo Tribunal Federal mandar prender, isso não é justo. A crítica, por pior que seja, você tem que tolerar. A liberdade de expressão é ampla, é garantida a todos nós", disse o presidente em entrevista à Rádio Nova Regional - Vale do Ribeira (SP).
Foi preso há pouco tempo um deputado federal e continua preso até hoje, em prisão domiciliar. A mesma coisa um jornalista, ele é jornalista, é blogueiro, também continua em prisão domiciliar até hoje. Temos agora um presidente de partido. A gente não pode aceitar passivamente isso, dizendo: 'ah, não é comigo'. Vai bater na tua porta Jair Bolsonaro
Silveira foi preso em fevereiro deste ano após divulgar um vídeo com ataques a ministros do STF. Ele teve a prisão domiciliar concedida em março, mas voltou para a prisão em junho por desrespeitar o uso da tornozeleira eletrônica.
Jefferson foi preso no último dia 13 de agosto por suspeita de envolvimento com uma milícia digital que atua contra a democracia.
Eustáquio, por sua vez, foi preso no ano passado, mas diferentemente do que disse o presidente, não está em prisão domiciliar, já que o inquérito dos atos antidemocráticos foi arquivado.
Bolsonaro acrescentou que seria "muito mais fácil" para ele se "omitir ou ficar do outro lado". Ele também citou a decisão do corregedor-geral da Justiça Eleitoral, ministro Luis Felipe Salomão, que determinou na semana passada que as plataformas YouTube, Twitch.TV, Twitter, Instagram e Facebook suspendam o repasse de dinheiro oriundo de monetização a perfis e canais investigados por disseminar desinformação sobre as eleições no Brasil. "Houve época de caça às bruxas. Não vale mais a liberdade de expressão?", questionou o mandatário.
A decisão atendeu a um pedido da delegada Denise Dias Rosas, da Polícia Federal, feito no âmbito do inquérito aberto pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para investigar os ataques do presidente ao processo eleitoral — em especial, às urnas eletrônicas. Nunca houve fraude comprovada nas eleições brasileiras desde que o equipamento passou a ser usado.
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