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Moraes deveria se afastar e desistir da presidência do TSE, diz jurista

Colaboração para o UOL

07/09/2021 18h40

Para o jurista e colunista do UOL Wálter Maierovitch, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Alexandre de Moraes, deveria se afastar e desistir de concorrer a presidência do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) em 2022, ano em que ocorrerá as eleições para presidente da República - atualmente, a Corte é presidida pelo ministro Luís Roberto Barroso.

Em entrevista ao UOL News, Maierovitch disse que Moraes "já deu algumas respostas" ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no âmbito de inquéritos em curso no STF, mas pondera que o Supremo está indo em direção a um "mau caminho" ao "escolher" aquele que vai investigar" e, por isso, "precisa se acertar rapidamente".

Para exemplificar sua fala, ele cita a prisão do ex-deputado e presidente do PTB, Roberto Jefferson, um dos principais apoiadores de Bolsonaro, detido em agosto por suspeita de envolvimento com uma milícia digital que atua contra a democracia.

"O ideal seria que o Alexandre de Moraes se afastasse, para o bem da democracia, da transparência, seria muito bom que ele se afastasse, ele não concorresse a essa eleição", declarou o jurista.

Segundo Maierovitch, Moraes deve se "retrair" e criticou, por exemplo, a condução feita pela polícia do publicitário Alexandre da Nova Forjas, que foi levado para a 14º Delegacia de Pinheiros, em São Paulo, na sexta-feira (3), após Forjas, supostamente embriagado, proferir ataques ao ministro do STF, chamando-o de "careca ladrão", advogado do PCC" e ameaçar fechar o Supremo. Em depoimento, o publicitário negou os insultos e ameaças, e disse que estava no local assistindo a uma partida de futebol e havia várias mesas insultando o magistrado.

Para o jurista e colunista do UOL, atitudes como essa de Moraes devem fazer com que Jair Bolsonaro "vibre". "Do jeito que vai o Moraes vai virar o Bolsonaro de toga. Ele precisa se afastar de tudo isso", completou.

Bolsonaro ataca Moraes em discurso

Em discurso na Avenida Paulista na tarde hoje, o presidente Jair Bolsonaro reforçou seus ataques a Alexandre de Moraes e declarou abertamente que não respeitará "qualquer decisão" tomada pelo ministro, a quem o mandatário chamou de "canalha", e pediu sua saída diante de cerca de 125 mil pessoas, segundo a PM, que o acompanhavam na capital paulista.

"Qualquer decisão do senhor Alexandre de Moraes, este presidente não mais cumprirá. A paciência do nosso povo já se esgotou. Ele tem tempo ainda de pedir o seu boné e ir cuidar da sua vida. Ele, para nós, não existe mais! Liberdade para os presos políticos! Fim da censura! Fim da perseguição àqueles conservadores, àqueles que pensam no Brasil", afirmou.

Bolsonaro mira Moraes pelo fato de o ministro ser relator das principais investigações que correm contra o presidente. Ele mandou incluir no inquérito das fake news a live em que o mandatário atacou ministros do STF e do TSE , além de por em xeque a credibilidade do sistema eleitoral brasileiro.

Moraes também comanda o inquérito que apura se Bolsonaro tentou interferir indevidamente nas atividades da PF (Polícia Federal). E, em outra frente, investiga o vazamento por parte do presidente de uma investigação sigilosa da PF. Em outro inquérito, Moraes apura o financiamento e a organização de atos antidemocráticos. A investigação mira aliados e apoiadores de Bolsonaro.

Além disso, Moraes pode ser o próximo presidente do TSE, justamente no ano em que o atual chefe do Executivo Federal tentará a reeleição, e as pesquisas com intenções de votos mostram que ele perde no segundo turno tanto para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), quando para o ex-ministro Ciro Gomes (PDT).