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Do PSOL ao MBL: políticos debatem sobre atos em 12/9; veja falas

Do UOL, em São Paulo

10/09/2021 15h26

Convocados inicialmente pela direita liberal, representada pelo MBL (Movimento Brasil Livre) e pelo Vem Pra Rua, os atos agendados para o próximo domingo (12) em defesa do impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) passaram a ganhar adesão de parte da esquerda.

Ainda assim, alguns quadros deste campo, como a CUT (Central Única dos Trabalhadores), buscando manter distância de liberais e de quem ainda defende o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), ocorrido em 2016, têm optado por não aderir aos atos.

Para debater sobre as manifestações, o UOL convidou os deputados estaduais Arthur do Val (Patriota-SP) e Isa Penna (PSOL-SP); os deputados federais Alexandre Frota (PSDB-SP) Ivan Valente (PSOL-SP), Orlando Silva (PCdoB-SP); e João Amoêdo, ex-presidente do Novo.

Abaixo, você confere como foram as discussões entre os seis políticos, que possuem posições que vão de uma união pró-impeachment até a não adesão aos atos em 12/9. Todos eles falaram ao UOL News, programa do Canal UOL:

Isa Penna e João Amoêdo

Para o ex-presidente do Novo, que declarou voto em Bolsonaro no segundo turno em 2018, se juntar com a esquerda nos atos em 12 de setembro é o menor dos problemas na conjuntura atual. "Temos um incêndio a apagar", afirmou.

Precisamos tirar o Bolsonaro: essa é a primeira etapa a ser vencida. É nisso que estamos reunidos. Não é uma manifestação para lançamento de terceira via, para propaganda partidária. João Amoêdo, ex-presidente do Novo

Segundo Amoêdo, Bolsonaro, que recentemente proferiu ataques e ameaças golpistas ao STF (Supremo Tribunal Federal), representa um risco para o processo democrático, o que demanda uma união entre a esquerda e a direita para tirá-lo do poder.

"As nossas divergências continuarão a existir. A gente gostará de discuti-las para encontrar um melhor posicionamento para o Brasil. Eu confio em um caminho mais liberal, a Isa pode confiar em um outro caminho, mas o importante é que nós tenhamos palco para discutir", afirmou.

Já Isa Penna, que afirmou que estará presente nos atos convocados de início pelo MBL, disse que "chegou a hora de fazer uma convergência" entre diferentes atores políticos, de diferentes campos, em defesa do impeachment de Bolsonaro.

"Não significa ignorar as divergências que a gente tem. Temos uma responsabilidade histórica com o nosso povo, que vai estar [nas ruas] no dia 12, que votou no Bolsonaro porque estava procurando uma alternativa", afirmou. "Precisamos falar com todo mundo", acrescentou.

Arthur do Val e Ivan Valente

Já Ivan Valente, o único dos entrevistados que não declarou adesão aos atos de 12 de setembro, defendeu que qualquer união não envolva apenas a saída de Bolsonaro, mas um projeto mais amplo e de longo prazo para superar os problemas econômicos e sociais do Brasil.

"A resposta às tentativas de golpe de Bolsonaro tem que ser gigante", disse, afirmando que, para atos contra Bolsonaro, quer "todas as bandeiras" do PSOL, inclusive a contra a "política econômica do genocida Paulo Guedes (ministro da Economia)".

Após Valente lembrar que o Novo vota com o governo em assuntos envolvendo a política econômica liberal de Guedes e falar em analisar as "credenciais" de quem deseja liberar um movimento democrático amplo, Arthur retrucou, pedindo que as diferenças sejam deixadas de lado.

"O Ivan chama o que aconteceu em 2016 (impeachment de Dilma) de golpe. Mas esse é o cerne da questão?", afirmou Arthur, que pediu para o psolista olhar mais para as convergências políticas entre os campos. "A pauta é fora Bolsonaro", acrescentou.

Todos que estiverem nas ruas para defender a democracia serão bem-vindos, e vai ter de tudo: tiozão patriota arrependido que votou no Bolsonaro, feminista de cabelo roxo, gente chamando o Bolsonaro de fascista, de traidor. A questão é: vamos nos unir. Arthur do Val, deputado estadual pelo Patriota-SP

Na sequência, Valente parabenizou Do Val por reconhecer que foi um erro apoiar Bolsonaro em 2018, mas, insistindo no ponto, disse esperar que, no futuro, seja possível estar ao lado do MBL em um programa contra "a fome, a miséria e o neoliberalismo".

Alexandre Frota e Orlando Silva

Já para o deputado do PCdoB, as manifestações agendadas para 12 de setembro, antes dominadas por liberais, ganharam "uma outra conotação depois do 7 de setembro", quando foram realizados atos bolsonaristas de raiz golpista em São Paulo e em Brasília.

"É um ato (em 12/9) pela democracia, pelo fora Bolsonaro e pelo impeachment. Eu me sinto na obrigação de participar.", disse Orlando, fazendo críticas veladas às falas anteriormente ditas por Ivan Valente.

"O que a política precisa fazer é olhar para frente, parar de olhar para o retrovisor", pontuou. "Meu Deus, estamos correndo muitos riscos! Vamos ficar olhando para trás? É necessário olhar para frente, debater os problemas do Brasil", acrescentou.

Alexandre Frota, outro que, assim como Amoêdo e Do Val, rompeu com Bolsonaro após ter se aliado a ele, foi na mesma linha defendida por Orlando Silva, pontuando que ninguém que comparecer ao ato precisará "subir no palanque do MBL".

Todos são livres para participar desse tipo de manifestação. É contra o governo, contra o Jair Bolsonaro. Todos nós queremos o impeachment de Jair Bolsonaro, que faz um governo afogado em escândalos e corrupção. Alexandre Frota, deputado federal pelo PSDB-SP

Na sequência, Orlando defendeu um "placar do impeachment" — painel para monitorar a adesão de parlamentares ao impeachment — para pressionar deputados a apoiarem a destituição do presidente. "Sou a favor de que a sociedade pressione", acrescentou.