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Temer: Conversa de Bolsonaro e Moraes foi 'útil' e sem o ministro 'recuar'

Colaboração para o UOL

17/09/2021 18h05

O ex-presidente Michel Temer (MDB) contou que foi o responsável por uma conversa entre Jair Bolsonaro (sem partido) e Alexandre de Moraes, ministro do STF (Supremo Tribunal Federal). Segundo o emedebista, o diálogo foi útil e amigável, mas ele notou que o ministro não recuou.

Segundo Temer, ele ligou para Moraes após a divulgação da Declaração à Nação, carta de Bolsonaro oferecendo trégua aos Poderes após dar declarações golpistas nas manifestações de 7 de setembro. "Passei o telefone para o presidente e ele deu uma palavra de quatro, cinco minutos, mas muito amigável, fraternal e adequada", contou hoje em um fórum sobre democracia e liberdade.

O ex-presidente disse que a conversa ocorreu "sem que o Alexandre recuasse um milímetro daquilo que juridicamente ele faz". Além disso, Temer afirmou ter sido um diálogo "útil naquele momento para distensionar, não sei se vai ser para o resto da vida, mas havia muita tensão ali".

O emedebista foi co-autor da carta divulgada por Bolsonaro. Com as tensões crescendo após o 7 de setembro, Temer recebeu convite do presidente e embarcou em um avião da FAB (Força Aérea Brasileira) até Brasília para tentar amenizar a situação.

A trégua durou uma semana, com Bolsonaro mais ameno e lançando menos farpas em direção aos ministros - antes disso, Moraes era um dos maiores alvos do presidente. Entretanto, ontem o membro do STF suspendeu portarias editadas pelo mandatário que dificultavam o controle de armas no Brasil.

A decisão é liminar e poderá ser votada a partir de hoje. Moraes justificou a posição, que foi requerida pelo PSOL e PDT, alegando estar preocupado com o comércio bélico ilegal no país.

Ademais, o ministro disse existir uma recusa do governo em estabelecer melhores medidas para marcar e rastrear as armas, o que traz resultado "incongruente e incompatível" na segurança pública. O armamento é uma das bandeiras de Bolsonaro desde a campanha de 2018 para a presidência.

Recentemente, o chefe de Estado sugeriu que as pessoas comprassem fuzis em vez de feijão quando recebeu reclamações sobre a alta no preço dos alimentos.