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Após atos de Bolsonaro em NY, cúpula de CPI ataca 'negacionismo continuado'

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e comitiva comem pizza na calçada - Reprodução/Twitter
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e comitiva comem pizza na calçada Imagem: Reprodução/Twitter

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília*

20/09/2021 20h32Atualizada em 20/09/2021 20h58

Após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) evitar a exigência de vacina contra a covid-19 em restaurantes ao comer pizza na rua em Nova York e negar ter tomado algum imunizante diante do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, a cúpula da CPI da Covid criticou o "comportamento negacionista continuado" do mandatário.

Em nota assinada pelo presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM), vice-presidente, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), e pelo relator, Renan Calheiros (MDB-AL), os senadores afirmam que Bolsonaro é um "péssimo exemplo para o mundo e mais uma vergonha para o Brasil".

"Transcorridos 147 dias de investigação, a maioria dos integrantes da CPI expressa seu repúdio ao comportamento negacionista continuado do presidente da República. Além de uma das piores conduções no enfrentamento à pandemia no mundo, o presidente, escarnecendo dos quase 600 mil mortos, segue boicotando as orientações da ciência, recusando vacinas e desprezando as medidas como uso de máscaras e distanciamento", também diz o texto.

Bolsonaro em Nova York

Bolsonaro é o único dos 19 líderes do G20 (grupo formado pelas principais economias do mundo mais a União Europeia) a ter declarado que não tomou nem iria tomar a vacina para ir à Assembleia-Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), segundo levantamento da BBC.

Em agosto, Nova York deu início à medida batizada de "Key to NYC Pass" (Chave para o passe de Nova York, em tradução livre do inglês), na qual passou a ser exigida certificação de vacinação contra covid-19 para entrar em locais públicos fechados como restaurantes, museus e academias.

Assim, se quiser fazer refeições em restaurantes da cidade, o presidente terá que buscar estabelecimentos com mesas na calçada ou em ambientes externos, uma vez que a restrição se aplica a espaços internos.

Ontem à noite, Bolsonaro optou por comer pizza em um local próximo ao que está hospedado. A pizzaria não possui espaço interno para refeições. Os clientes fazem os pedidos no balcão e retiram os produtos para viagem.

Desde o início da pandemia, Bolsonaro tem se posicionado contra a obrigatoriedade de vacinação no Brasil. Recentemente, ele criticou o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), pela exigência de imunização a servidores públicos da cidade.

No ano passado, o plenário do STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu que o Estado pode determinar medidas restritivas previstas em lei (multa, impedimento de frequentar determinados lugares, fazer matrícula em escola) aos cidadãos que recusem a vacinação. Porém, a imunização não pode ser forçada.

Hoje, o premiê do Reino Unido recomendou que Bolsonaro e outros presentes em um encontro tomem a vacina contra a covid-19.

Em um vídeo da agência de notícias Reuters, é possível ver parte da conversa entre eles. Boris Johnson elogia a vacina da AstraZeneca, desenvolvida pela Universidade de Oxford, na Inglaterra, e afirma que já tomou o imunizante duas vezes, conforme recomendado pelas autoridades de Saúde. Bolsonaro responde com um gesto negativo, sorri e diz: "Ainda não [tomei]".

Renan prevê relatório em outubro

Renan Calheiros afirmou hoje, no UOL Entrevista, que a apresentação do relatório à Comissão Parlamentar de Inquérito, inicialmente prevista para o fim desta semana, deve ser adiada para o início de outubro.

Segundo ele, isso acontecerá em função de "desdobramentos óbvios dos últimos dias". Na última sexta (17), a Polícia Federal realizou operação de busca e apreensão de documentos em endereços da Precisa Medicamentos, uma das empresas investigadas pela CPI por supostas irregularidades na negociação de vacinas com o governo federal. Além disso, uma reportagem da GloboNews revelou um dossiê assinado por médicos da Prevent Senior afirmando que a operadora de saúde ocultou mortes de pessoas tratadas com hidroxicloroquina contra a covid-19.

"Por enquanto, estamos acessando as últimas informações e ainda vamos colher os depoimentos", disse Renan.

*Com informações do Estadão Conteúdo.