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Senador: Bolsonaro legitima população a expor o que de pior existe nela

Colaboração para o UOL, em Alagoas

07/10/2021 12h04

O senador Fabiano Contarato (Rede-ES) afirmou que o efeito da eleição do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) "foi muito negativo" para a comunidade LGBTQIA+ e demais grupos minoritários da sociedade, porque o mandatário "legitima as pessoas a exporem aquilo de pior existe nelas".

Durante participação no UOL Entrevista hoje, o parlamentar contou que tem colegas gays e lésbicas que pararam de andar de mãos dadas com seus respectivos companheiros após a vitória de Bolsonaro em 2018. Ele explica que o presidente nutre um comportamento "preconceituoso, racista, machista, sexista, homofóbico e xenófobo" e parte da população, ao ver o chefe do Executivo Federal agir dessa forma, se sente representada e legitimada a externar seus preconceitos.

"O efeito da eleição do Bolsonaro foi muito negativo, não tenho dúvida. Tenho colegas que antes andavam de mãos dadas com esposa, esposo no shopping e pararam de fazer isso", declarou o senador para, em seguida, ressaltar que "quando você vê o chefe do Executivo expor comportamentos racistas, machistas, xenófobos, sexistas e homofóbicos, as pessoas se sentem legitimadas a expor aquilo que de pior existe nelas".

Para Fabiano Contarato, além de encorajar os preconceituosos a saírem de suas tocas, a eleição de Jair Bolsonaro também teve "um efeito jurídico", no sentido de que pautas progressistas passaram a sofrer ainda mais resistência no Congresso Nacional, além do "efeito emocional de um comportamento dentro da população que se sente legitimada pelo discurso de ódio".

No UOL Entrevista, o delegado elencou uma série de declarações polêmicas já ditas por Bolsonaro, como o fato de uma mulher merecer ganhar menos que um homem porque ela engravida, que sua única filha foi resultado de uma fraquejada, que prefere ter um filho morto a gay e que seria incapaz de amar um filho homossexual, para explicar que não consegue compreender como uma mulher ou um LGBTQIA+, por exemplo, consegue apoiá-lo ou defendê-lo.

Em relação ao discurso na CPI da Covid na semana passada, quando expôs uma postagem homofóbica do empresário Otávio Fakhoury, o parlamentar afirma que não poderia se omitir pois, permanecer calado naquela ocasião, significaria "um ato de covardia".

Contarato diz ter recebido bastante apoio de seus colegas no Senado, mas destaca que esse apoio não adianta se ele não servir para fortalecer as leis de proteção à comunidade LGBTQIA+.

"Não posso perder a capacidade de me indignar. "Esses ataques homofóbicos fazem com que jovens se automutilem, cometam suicídio. É necessário que tenhamos comportamento de reação e proatividade para se contrapor [ao retrocesso] e avançar nas pautas progressistas. Parece que estamos vivendo na era medieval, questionando a ciência, se a Terra é plana", falou o senador.

Não agora, mas Bolsonaro pode ser preso, diz senador

Membro da CPI da Covid em trâmite no Senado, Fabiano Contarato avaliou, durante sua participação no UOL Entrevista, que o presidente Jair Bolsonaro não será preso agora, mas que o chefe do Executivo Federal pode ser detido no futuro.

"Acho que não teria essa possibilidade agora, nesse momento não, mas posteriormente isso pode acontecer sim, porque um crime de epidemia qualificada, com resultado em morte, com pena de 20, 30 anos, e você se impondo aí, fazendo um nexo causal entre a conduta dele e o resultado, atribuindo a responsabilidade a título de dolo, isso é visível. Então é claro que depois do devido processo legal, assegurado contraditório e ampla defesa, se ele for condenado, a prisão ela vai se impor".

Na entrevista, Fabiano Contarato avaliou que a CPI da Covid já prestou bons resultados para o país ao fazer com que o governo federal "corresse para vacinar a população" e impedisse a celebração de contratos milionários com suspeitas de corrupção e pedido de propina, como o caso da compra do imunizante Covaxin.

Ainda, ele destaca que a Comissão tornou público para a população que o presidente recusou mais de 100 ofertas de vacinas da Pfizer e a existência de um suposto "gabinete paralelo" para assessorar o mandatário na gestão da pandemia. Para o senador, o "gabinete paralelo" impedia que os ministros da Saúde que chefiaram a pasta desde o início da crise sanitária tivessem autonomia em suas respectivas gestões. Por fim, ele diz que a Comissão comprovou ter havido "prevaricação" na atuação do governo federal no combate à doença.