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Nunes nega pressão de Doria para demitir secretário: "Coincidência danada"

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), e o governador João Doria (PSDB-SP) em evento no Palácio dos Bandeirantes - Governo do Estado de São Paulo
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), e o governador João Doria (PSDB-SP) em evento no Palácio dos Bandeirantes Imagem: Governo do Estado de São Paulo

Henrique Sales Barros e Lucas Borges Teixeira

Do UOL, em São Paulo

10/11/2021 14h35

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), chamou de "coincidência" a exoneração do Secretário Municipal de Habitação, Orlando Faria, após a declaração de apoio a Eduardo Leite (PSDB-RS) nas prévias do PSDB e negou pressão do governador João Doria (PSDB-SP).

Faria foi exonerado na tarde da última segunda (8), horas depois de ter tomado café da manhã com Leite em São Paulo. Em entrevista à Folha de S. Paulo hoje, o ex-secretário apontou interferência de Doria. O governador não comentou.

"Por uma coincidência danada —eu falo com o João Doria quase todo dia—, eu já estava sem falar com o João desde os últimos dois, três dias. Sequer o João me ligou naquele dia. Não houve sequer algum tipo de pressão", declarou Nunes, em entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes.

"Todos sabem a relação que tenho com o governador João Doria, muito próximo. Mas ele também não vai fazer pressão em cima de mim e eu também não vou fazer pressão em cima dele", completou o prefeito, ao lado do governador.

Faria juntou-se a alguns tucanos da capital que têm se separado do governador e declarado apoio a Leite nas prévias para a Presidência da República do partido, marcadas para 21 de novembro.

No café da manhã com Leite também estava presente o vereador Aurélio Nomura (PSDB-SP). Ele é o terceiro dos oito vereadores tucanos da capital a declarar voto no gaúcho, junto ao líder da bancada, Xexéu Tripoli e Daniel Annenberg, recém-empossado. Outros três já declararam voto em Doria.

Faria, amigo antigo do ex-prefeito Bruno Covas, morto em maio, fez relação direta entre a declaração de voto e a exoneração.

"Foi uma manifestação de apoio [a Leite], sem qualquer tipo de comentário ou ataque a qualquer um. Isso não foi bem recebido pelo Palácio, pelo governador Doria, que, até onde me consta, acabaram pressionando o prefeito Ricardo Nunes, pedindo minha exoneração", afirmou Faria, em entrevista.

Na coletiva, Nunes negou, mas não esclareceu os motivos. "A decisão foi da Prefeitura de São Paulo, sem pressão ou pedido, por causa de uma orientação que eu tenho dado de trabalho, que é foco total na gestão."

Disputa acirrada

As prévias do PSDB serão disputadas em 21 de novembro. Além de Doria e Leite, concorre também o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio (PSDB-AM).

Dado o formato desproporcional da votação, baseado, entre outras coisas, no cargo ocupado, os candidatos têm disputado um a um o voto de cada parlamentar do país. O estado de São Paulo, reduto de Doria e com maior número de filiados do partido (20% de filiados), tornou-se foco central da disputa.

Prévias PSDB - Arte/ UOL - Arte/ UOL
Imagem: Arte/ UOL