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Kennedy: Ao receber Lula, Macron dá tapa com luva de pelica em Bolsonaro

Do UOL, em São Paulo

17/11/2021 13h35Atualizada em 17/11/2021 15h21

Para Kennedy Alencar, colunista do UOL, o presidente da França, Emmanuel Macron, deu um "tapa com luva de pelica" no presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ao receber o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com protocolos de chefe de Estado.

"A agenda do Bolsonaro é de segunda classe, de pária, de quem não tem trânsito entre os países mais relevantes do mundo", disse Kennedy ao UOL News, programa do Canal UOL.

"Macron dá um tapa de luva de pelica em Bolsonaro, mas é mais do que isso: ele reconhece a importância que o Lula tem e que o Bolsonaro é menos importante, um pária", avaliou.

Lula está desde a última quinta-feira (11) na Europa, onde cumpre uma agenda de encontros com lideranças políticas na Alemanha, Bélgica, França e Espanha. Além de Macron, o ex-presidente já se reuniu com o futuro chanceler alemão, Olaf Scholz.

Já Bolsonaro, em busca de investimentos, cumpre agenda no Oriento Médio desde o último sábado (13). Hoje, mais cedo, ele fez uma live enquanto passeava de moto no Catar. Até agora, Bolsonaro esteve no Bahrein para inaugurar uma embaixada e em Dubai.

Para Kennedy, Lula está sendo recebido por países mais importantes do ponto de vista geopolítico, enquanto Bolsonaro só consegue ter "algum tipo de relacionamento internacional com essas figuras ditatoriais".

"Temos um acordo da União Europeia com o Mercosul (Mercado Comum do Sul) que está completamente parado porque Bolsonaro destrói o meio ambiente no Brasil", relembrou Kennedy.

Para Kennedy, Lula, ao contrário de Bolsonaro, tem uma "postura de chefe de Estado". "O Macron é um político conservador, de centro-direita, e está recebendo um de centro-esquerda", disse. "Isso mostra a capacidade que o Lula tem de dialogar", pontuou.

Completando a análise, Kennedy concluiu que, caso Lula volte ao poder em 2022 — e pesquisas de intenção de voto têm apontado vantagem para o petista —, o Brasil poderá voltar a ter relações melhores com a França e, assim, destravar o acordo UE-Mercosul.

Hoje, em Paris, Lula defendeu uma reformulação do acordo do Mercosul com a UE, que enfrenta críticas do governo francês e de eurodeputados ligados a bandeiras ambientais, por causa do desmatamento na Amazônia, e de setores agrícolas do continente.

As avaliações de Kennedy vão na mesma linha das do advogado Augusto de Arruda Botelho, colunista do UOL e que também falou ao UOL News. "Bolsonaro tem poucos jantares e poucos encontros oficiais marcados [no Oriente Médio]", disse.

Na visão do advogado, o petista poderá usar a visita à Europa como "trunfo" nas eleições presidenciais de 2022, em que ele deverá buscar retornar ao Palácio do Planalto. "É impressionante a capacidade de articulação politica internacional que o Lula tem", disse.