Filha de miliciano é nomeada a cargo de confiança no governo do RJ
O governo do estado do Rio de Janeiro nomeou Helen Patricia Guinancio Guimarães, ligada a uma família de milicianos já condenados. A denúncia foi revelada pelo "RJ2", da TV Globo, e confirmada pelo UOL. A nomeação para o cargo de assistente na Secretaria de Estado de Agricultuta, Pecuária, Pesca e Abastecimento foi publicada no Diário Oficial do Estado no dia 19 de janeiro.
Helen Patricia é filha do ex-vereador e ex-policial Jerônimo Guimarães Filho (PMB), o Jerominho. Em 2008, ele foi preso acusado de homicídio e de ligação com uma das mais antigas milícias do Rio, a Liga da Justiça.
O nome de Jerominho apareceu naquele mesmo ano no relatório final da CPI das Milícias, na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, que indiciou 226 pessoas, entre elas policiais, agentes de segurança, militares e políticos — com destaque para a família do ex-PM.
O irmão de Jerominho, o ex-deputado estadual Natalino José Guimarães; o filho dele, Jerominho Luciano Guinâncio Guimarães; e o genro, Luiz Malvar (com quem foi casado com Helen), também já foram presos acusados de assassinatos e são apontados como líderes da milícia que domina a região do Campo Grande, zona oeste do Rio. Todos são ex-policiais.
O UOL procurou o governo do Rio e a secretaria de Agricultura, Pecuária, Pesca e Abastecimento, para a qual ocorreu a nomeação de Helen, e aguarda o retorno.
À TV Globo, o governo disse ter desistido da nomeação de Helen, mas sem explicar de quem foi a indicação.
"A Secretaria de Agricultura informa que a nomeação de Helen Patrícia Guinâncio Guimarães será revogada. Vale ressaltar que como não foi realizada a posse no cargo, Helen não consta na folha de pagamento do Estado", diz a nota.
Capacidade de se infiltrar na máquina pública
O controle político das áreas dominadas decorre dos interesses econômicos dos milicianos, da necessidade de blindagem de suas atividades ilegais e da perspectiva de aumentar seu poder.
Escolhendo candidatos próprios, financiando candidaturas aliadas, controlando o voto dos eleitores e determinando quem pode fazer campanha nas áreas dominadas, as milícias são o tipo de organização criminosa com maior capacidade de se infiltrar na máquina pública e nas esferas políticas, dada sua aparência de inimiga da criminalidade e, principalmente, por ser constituída de agentes do Estado.
O domínio territorial imposto pelas milícias e sua interferência nas eleições podem ser enquadrados como "curral eleitoral", abuso de poder e financiamento ilícito, infrações passíveis de prisão, multa e cassação de candidatura.
*Com informações da agência Estadão Conteúdo
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