Moro diz que Governo tirou Coaf do Ministério da Justiça porque tinha medo
O ex-ministro Sergio Moro (Podemos) disse hoje que o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) transferiu o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) do Ministério da Justiça para a Economia por que "tinha medo" que investigações chegassem nele. Segundo ele, Bolsonaro decidiu "enfraquecer o combate à corrupção" durante o mandato.
"O primeiro elemento que revelou isso foi quando teve a questão do Coaf, um órgão de inteligência de lavagem de dinheiro no Brasil, e estava Ministério da Justiça, na minha alçada. A gente tinha melhorado o Coaf, tinha aumentado o número de pessoas, e teve o movimento de levar para o Ministério da Economia. O pessoal ali tinha medo, porque sabia que ali não tinha esquema, não tinha negócio", disse, em entrevista ao Flow Podcast.
Na época em que era ministro, Moro não deu declarações públicas defendendo que o Coaf continuasse no Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Atualmente, o Conselho está vinculado administrativamente ao Banco Central. A transferência ocorreu após a aprovação de uma MP (Medida Provisória) no Congresso, no fim de 2019.
Segundo Moro, o presidente Bolsonaro busca proteger os filhos nos casos das supostas "rachadinhas" em seus gabinetes.
"O Coaf foi para o Ministério da Economia. Depois teve uma decisão do Supremo que beneficiou o filho do presidente, parou uma investigação. O problema é que essa liminar parava todas as investigações de lavagem de dinheiro no país", disse Moro.
O ex-ministro afirmou que Bolsonaro não queria que a situação fosse alterada e, por isso, dizia: "Moro, se você não for ajudar, não atrapalha". Já Moro considerava que a decisão era um "desastre" que afetava "todo o sistema", e garantiu que não obedeceu à ordem do presidente, de forma que algum tempo depois "a liminar caiu".
"Se você começa a enfraquecer o combate à corrupção porque você não quer que ele avance sobre determinadas pessoas, na prática você vai enfraquecer ele para todas as pessoas", finalizou.
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