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PSOL e Freixo acionam PGR contra Camargo por chamar Moïse de 'vagabundo'

O presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo - Pedro Ladeira/Folhapress
O presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress

Do UOL, em São Paulo

11/02/2022 21h44Atualizada em 12/02/2022 17h12

O deputado federal Marcelo Freixo (PSB-RJ) acionou o MPF (Ministério Público Federal) contra Sérgio Camargo, presidente da Fundação Palmares. Hoje à tarde, Camargo disse que Moïse Kabagambe, congolês brutalmente assassinado no Rio de Janeiro, era "um vagabundo".

Freixo, em documento enviado ao MPF, afirmou que Moïse "não era vagabundo, indigno ou selvagem, muito menos andava ou negociava com pessoas que não prestam. Sérgio Camargo praticou uma verdadeira imputação de fatos desonrosos, além de aviltar a dignidade da pessoa morta".

Na denúncia, o deputado argumentou que as falas de Camargo foram "levianas e criminosas", pedindo, então, medidas cabíveis após a análise do caso.

Denúncia do PSOL

Hoje de manhã, a deputada federal Talíria Petrone (PSOL) afirmou que a bancada de seu partido acionou a PGR também, para que Camargo "seja investigado e afastado imediatamente da Fundação Palmares".

Segundo a deputada, o presidente da Palmares destilou "seu ódio contra a memória de um jovem brutalmente assassinado" e a sigla não tolera isso. "Moïse e sua família merecem respeito", disse.

Espancado até a morte

Moïse foi espancado a pauladas até a morte após cobrar do gerente pagamentos em atraso. O rapaz, que chegou ao Brasil em 2011 fugindo da violência na República Democrática do Congo, morreu no dia 24 de janeiro à noite no quiosque Tropicália, onde trabalhava por diárias.

Além da prisão dos três agressores, a Delegacia de Homicídios da Capital tenta identificar outras pessoas que passaram pela cena no crime.

A família do congolês, que o tinha como principal provedor, tem sido assistida pelo prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD). Foi oferecido à família o ponto do quiosque onde Moïse trabalhava e foi morto, mas hoje eles recusaram.

"A família desistiu por medo, principalmente, porque um dos donos disse que não sairia do local. Isso causou pânico na família e ela não quer ocupar aquele local por medo. Eles sabem de outros quiosques vazios, agradeceram à [concessionária] Orla Rio e [dizem] que aceitariam outro quiosque na orla", disse Mondego, integrante da Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ (Ordem dos Advogados do Brasil do RJ).

"Inclusive já se sabe que, na orla da zona sul, tem quiosques vazios, e lá eles não teriam conflito com ninguém. Lá eles poderiam trabalhar e conseguir o próprio sustento", completou o advogado.